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Deputados denunciarão políticas de Bolsonaro em encontro com Bachelet

Jamil Chade

13/09/2019 09h14

Bachelet conversa com estudantes em universidade em Genebra. Foto: Jamil Chade

 

 

GENEBRA – Membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados serão recebidos pela alta comissária da ONU, a chilena Michelle Bachelet. O encontro ocorrerá na próxima semana, quando a delegação estará na ONU para apresentar um relatório sobre as violações de direitos humanos no Brasil e denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro.

Bachelet deixou o governo irritado ao criticar, em uma conferência de imprensa, a violência policial, alertar para a redução do espaço democrático no Brasil e atacar o desmatamento. Como resposta, o presidente fez uma apologia ao regime de Augusto Pinochet, governo que a torturou e matou seu pai.

Dias depois, em Genebra, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, fez um alerta e indicou que Bachelet ou qualquer outro relator deveria primeiro procurar o governo, antes de fazer declarações sobre o país. O objetivo, segundo ela, seria o de "evitar mal-entendidos desnecessários".

O encontro entre nomes da oposição, parlamentares e a ONU é algo recorrente. A própria Bachelet se reúne com frequência com deputados e ongs de todas as vertentes políticas. Ao visitar a Venezuela, há poucas semanas, esteve tanto com Nicolas Maduro como com Juan Guaidó.

Mas, entre membros do governo Bolsonaro consultados pelo blog, o encontro com os parlamentares brasileiros poderia aprofundar o mal-estar do Planalto em relação à cúpula da ONU.

O encontro ainda ocorre às vésperas da estreia de Bolsonaro na tribuna das Nações Unidas, em Nova Iorque. A viagem deve ser marcada por uma forte pressão sobre o presidente brasileiro por conta de temas como direitos humanos e meio ambiente.

Em Genebra, a delegação de deputados será liderada pelo presidente da Comissão de Direitos humanos, Helder Salomão (PT-ES). Ele apresentará um informe com denúncias em áreas como desigualdade social, prisões, violência contra a mulher, meio ambiente, além de violência no campo e o desmonte de alguns dos mecanismos de participação da sociedade civil nas estruturas do estado.

O informe servirá para contrapor os dados que o governo está preparando para enviar à ONU, até o final do mês. Em 2017, ao ter sua situação avaliada pela entidade, o Brasil recebeu 246 recomendações sobre como aprofundar seu trabalho na área de direitos humanos. Agora, cabe ao governo dizer o que tem sido feito.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) também fará parte da viagem. Além de Bachelet, os deputados estarão com a relatora especial sobre os direitos dos povos indígenas na ONU, Victoria Tauli-Corpuz, além de membros do Sub-Comitê contra a Tortura.

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Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)


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