Incêndio na Amazônia é “crise internacional”, declara Macron
Jamil Chade
22/08/2019 16h45
Presidente da França anunciou que colocou o assunto brasileiro no centro da agenda da reunião de cúpula do G7, neste fim de semana
GENEBRA – O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que o incêndio na Amazônia é uma "crise internacional" e propôs que o assunto passe a fazer parte da agenda de reuniões do G7, que ocorre neste fim de semana na França.
Nas redes sociais, o francês não hesitou em tratar da situação da floresta brasileira. "Nossa casa está queimando", escreveu, numa frase que certamente causará forte reação na diplomacia brasileira. Nos últimos meses, o Itamaraty e o governo Bolsonaro tem insistido que a "Amazônia é nossa".
"A Amazônia, os pulmões que produzem 20% de nosso oxigênio, está queimando", escreveu. "Isso é uma crise internacional", alertou.
Macron então fez um chamado: "Membros do G-7, vamos discutir essa emergência de primeira ordem em dois dias". A reunião entre os líderes ocorre no fim de semana, com a presença de Angela Merkel e Donald Trump.
Há poucas semanas, Bolsonaro esnobou o chanceler francês, de passagem pelo Brasil. Cancelou um encontro por motivos de agenda e, no momento que deveria estar com o chefe da diplomacia de Paris, foi cortar o cabelo.
Paris tem alertado que apenas aceitará um acordo com o Mercosul se o Brasil se comprometer a seguir seus compromissos ambientais e não exportar produtos de áreas desmatadas. O governo francês iniciou um estudo sobre o impacto ambiental do acordo e em novembro anunciará os resultados.
A crise também chegou à cúpula da diplomacia mundial. Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, saiu de seu tradições silêncio em temas polêmicos para pedir que a Amazônia seja protegida.
"Estou profundamente preocupado pelo fogo na floresta amazônica", escreveu, alertando que o mundo não poderia se dar ao luxo de perder tal "fonte de oxigênio".
Sobre o autor
Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.
Sobre o blog
Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)