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Governo Bolsonaro denuncia na ONU perseguição contra cristãos

Jamil Chade

09/07/2019 14h26

Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, se reúne nesta semana para tratar de crimes e violações

 

 

GENEBRA – O governo de Jair Bolsonaro denunciou na ONU a perseguição que sofrem cristãos em locais onde são minoria. Num discurso, o secretário Nacional de Proteção Global do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Sérgio Queiroz alertou para a necessidade de se garantir liberdade religiosa como forma de combater o ódio e intolerância.

O discurso foi realizado em um evento organizado pelo governo da Polônia, considerado na Europa como ultra-conservador e que tem a defesa do cristianismo como uma de suas bandeiras. Para Bruxelas, essa defesa tem sido interpretada como uma forma de justificar a rejeição a políticas de imigração mais abertas.

O evento ainda contava com a participação do governo do Iraque e de uma ong que tem como bandeira o combate à ideologia do gênero e que defende o ensino em casa, a ADF International.

Nas redes sociais, ele escreveu que foi "politicamente incorreto". "Fiz questão de enfatizar uma inconveniente verdade de que, embora diversas religiões sofram em países onde são minoria, os Cristãos são o grupo mais perseguido no mundo, de acordo com recentes relatórios, especialmente em países onde o Cristianismo é proibido. Essa realidade tem que mudar", escreveu.

No discurso, o secretário considerado como um dos principais aliados da ministra de Direitos Humanos Damares Alves ainda lembrou que leu um artigo do jornal britânico The Guardian em que se revela que os cristãos são os mais perseguidos nos últimos anos.

Na ONU, tem chamado a atenção a recente postura do governo brasileiro ao incorporar em sua política externa posições com base religiosa, nem sempre considerando a multiplicidade de crenças no Brasil.

Queiroz, pastor evangélico, fez uma defesa da liberdade de religião, ainda que não tenha citado em nenhum momento religiões de matriz africanas no Brasil.

Ainda assim, apontou como a sociedade seria "um mosaico" e que a discriminação é fonte de violência.

Ele lembrou que 87% dos cidadãos brasileiros se declaram cristãos e que devem levar em conta "a dor e perseguição" que outros cristãos sofreram "no passado e hoje pelo mundo". "Portanto, é importante defender o direito de minorias religiosas", disse.

Queiroz ainda defendeu que a "experiência brasileira" na defesa de minorias "inspire" locais onde minorias cristãs não podem ter o direito.

Ele lembra que existem países em que leis que "restringem" a construção de igrejas e onde a fé não pode ser praticada em público. Ele também lembrou como minorias cristãs estão sendo alvo de prisões e de violência.

"Precisamos ser vocais em denunciar discriminação contra minorias", defendeu, insistindo que ele se referia a todos os grupos.

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Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)


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