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Tacla esteve com os EUA antes de conversa entre Moro e Deltan

Jamil Chade

18/06/2019 16h00

Emails apontam que procuradores brasileiros seriam convidados. Mas, segundo advogado, membros da Lava Jato não apareceram ao encontro

MADRI – Citado nas mensagens entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, o advogado brasileiro Rodrigo Tacla Duran afirma ter estado nos EUA para repassar informações sobre as suspeitas de corrupção no Brasil às autoridades americanas.

O encontro ocorreu duas semanas antes das conversas publicadas pelo site The Intercept entre Moro e Dallagnol, no dia 31 de agosto de 2016. Segundo Tacla, porém, ninguém compareceu à reunião por parte dos procuradores brasileiros.

O brasileiro, que hoje vive na Espanha, recebeu o blog em um hotel de Madri e afirmou que estava voluntariamente colaborando com as autoridades americanas, num movimento que poderia esvaziar um acordo entre a Odebrecht e as autoridades.

Investigado pela Lava Jato, Tacla Duran foi preso em novembro de 2016, ao chegar a Madri, e ficou detido por 70 dias. A força-tarefa da Lava Jato insiste que o brasileiro é um "fugitivo", mas a Interpol retirou qualquer alerta contra Tacla Duran. Ao UOL, Tacla afirmou ter sido vítima de extorsão por advogado no caso da Lava Jato.

Tacla Duran atuou como advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016. A Lava Jato, no entanto, o acusa de movimentar mais de R$ 95 milhões para construtora e outras empresas em vários países do mundo, além de lavar por meio de suas empresas cerca de R$ 50 milhões.

Sua situação era uma das prioridades da Lava Jato. De acordo com as mensagens vazadas, Moro teria perguntado ao procurador: "Não é muito tempo sem operação?".

Na resposta, Dallagnol explica e cita o brasileiro que hoje vive em Madri. "É sim. O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a do taccla pelo risco de evasão, mas ela depende de articulação com os americanos". Segundo depois, ele completa: "que está sendo feita".

Mas, numa troca de emails entre advogados também envolvidos na organização do encontro, uma reunião nos EUA é mencionada para ocorrer nos dias 18 e 19 de agosto daquele mesmo ano, menos de 15 dias antes dos comentários de Dallagnol.

"Seria para revisar conjunto com os EUA e Brasil os documentos", indica uma das mensagens, obtida pelo blog.

Numa outra mensagem, do dia 1º de agosto de 2016, os advogados enviariam um email a um dos representantes das autoridades americanas para pedir uma confirmação sobre o encontro de 18 e 19 de agosto.

Mas, em ambas as mensagens, os advogados insistem que o encontro deveria ocorrer em "coordenação" com procuradores brasileiros. Ao UOL, Tacla afirma: "Eles não compareceram à reunião".

Segundo ele, os americanos chegaram a perguntar se ele teria alguma oposição em realizar uma reunião com os brasileiros. "Respondi que não", completou.

Investigado pela Lava Jato diz ser vítima de extorsão

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Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)


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