Órgão mundial de parlamentares adota resolução em defesa de Wyllys
Deputados brasileiros afirmaram que desconheciam os ataques sofridos pelo ex – deputado. Mas União Parlamentar Internacional optou por reconhecer a seriedade da ameaça e pedir que as autoridades nacionais tomem medidas.
GENEBRA – A União Parlamentar Internacional (UPI) ignora a versão de uma delegação oficial brasileira e adota uma resolução pedindo que as ameaças contra o ex-deputado Jean Wyllys sejam investigadas e que os responsáveis sejam levados à Justiça.
A UPI, num primeiro momento, avaliou queixas de violações de direitos humanos contra 229 parlamentares de todo o mundo e selecionou os casos mais importantes para que sejam tratados pelo seu órgão máximo, o Conselho da UPI. Um deles era de Wyllys, além de 96 casos de ameaças contra deputados da Venezuela e violações contra parlamentares de Uganda, Iemen e Turquia.
No momento do exame dos casos, o Comitê de Direitos Humanos de Parlamentares da UPI pediu que a delegação brasileira que estava na reunião, em Belgrado, desse seu parecer. Mas o grupo liderado pelos deputados Átila Lins (PP), Mariana Carvalho (PSDB), Gilberto Nascimento (PSC), Cleber Verde (PRB), Joaquim Passarinho (PSD), Evandro Roman (PSD) e Jefferson Campos (PSB) indicou "desconhecer" a existência de ameaças contra Jean Wyllys.
A atitude dos deputados foi duramente criticada pelo PSOL, que enviou novas documentações para a Sérvia. Antes, os integrantes da UPI assistiram a um vídeo em que o ex- deputado do PSOL "apresentava sua situação de exilado e as razões que o levaram a ela".
A documentação também inclui a decisão da Organização dos Estados Americanos (OEA) de ter emitido medida cautelar contra o governo do Brasil exigindo providências para manutenção de sua integridade física de Wyllys.
Diante das informações, o grupo internacional optou por aceitar o caso e avaliar sua situação, num gesto interpretado dentro da UPI como uma recusa em aceitar a posição da delegação oficial do Brasil.
Nesta quinta-feira, portanto, a entidade decidiu adotar uma resolução em que pede que as autoridades brasileiras garantam a proteção do ex-deputado. A UPI se diz ainda "profundamente preocupada" com a situação do brasileiro que, segundo ela, apresentou provas suficientes de que estava sendo ameaçado.
"Pedimos que as autoridades brasileiras façam tudo o que for possível para identificar os autores das ameaças", indicou a entidade. A UPI aponta que, apesar de Wyllys não ser mais deputado, cabe ao Congresso agir para que "Justiça seja feita".
Ao blog, Wyllys indicou que a delegação brasileira "se esqueceu de que vivemos em um mundo globalizado pelas novas tecnologias, e que, graças a isso, também mentirosos e cínico como eles podem ser desmascarados".
Eleito deputado federal em 2010, 2014 e 2018, Wyllys abandonou o Congresso e foi morar no exterior, denunciando "graves ameaças de morte" sofridas.
No vídeo que foi exibido na Sérvia, Wyllys também explica que as medidas de proteção solicitada por ele e pela OEA foram ignoradas pelas autoridades brasileiras. "Acho importante que vocês, parlamentares, se deem conta do que está ocorrendo no Brasil", disse.
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