Famílias mais pobres precisam 9 gerações para atingir renda média no Brasil
Economia nacional subiu uma posição no ranking do Fórum Económico Mundial. Mas país tem ainda pior burocracia do mundo, falta de visão de longo prazo do governo e uma das cinco piores cargas tributárias.
GENEBRA – Uma família da camada mais pobre no Brasil precisaria de nove gerações para conseguir atingir uma renda média, capaz de coloca-la em uma situação adequada. O alerta faz parte de um relatório o Fórum Econômico Mundial e que destaca que, neste ano, o Brasil subiu uma posição no ranking de competitividade.
O levantamento revela que, entre 2018 e 2019, a economia nacional passou da 72a posição para a 71a, um leve aumento obtido, entre outros fatores, graças a uma "simplificação significativa dos regulamentos para iniciar e encerrar uma empresa". Isso garantiu uma impulsão no dinamismo empresarial, colocando o Brasil na 67a colocação por esse critério.
A classificação mundial é liderada por Cingapura e EUA, seguindo por Hong Kong, Holanda, Suíça e Japão.
No caso do Brasil, também pesou de forma importante a inflação mais baixa e por uma maior eficiência do mercado de trabalho. Além dessas melhorias, o desempenho da competitividade do Brasil também se beneficiou de um nível relativamente alto de capacidade de inovação (40º) e do tamanho de seu mercado.
Entre 2017 e 2019, o Brasil passou da 79a posição para a 71a colocação. Mas, ainda assim, os autores do informe alertam que a economia nacional está bem aquém de suas potencialidades e que sua maior competitividade traria ganhos sociais. Na América Latina, o Brasil é hoje apenas a oitava economia mais competitiva. O país também é o membro do Brics em pior situação.
O que o Fórum aponta é que também existe uma correlação entre a falta de competitividade de uma economia e os problemas de desigualdade social e mobilidade. Se no Brasil serão necessárias nove gerações para que alguém que nasceu na camada dos 10% mais pobres da sociedade passe a ter uma renda média do país, a realidade nos países nórdicos é radicalmente diferente.
Na Dinamarca, a saída da condição de pobreza para uma de classe média exige apenas duas gerações, contra três para a Noruega ou Suécia.
No caso do Brasil, alguns sinais de melhoria foram identificados. "O crescimento econômico está crescendo lentamente (2%) após a recessão de 2015-2016", indica o informe. "Melhorar ainda mais a produtividade do Brasil é de suma importância para a agenda social do país também", destaca o Fórum que, a cada ano, organiza seu evento em Davos.
"Combater as elevadas taxas de desemprego (11,4%) e o ressurgimento das taxas de pobreza são prioridades e as melhorias no ranking deste ano – apesar de pequenas – são um primeiro passo para o estabelecimento das bases para uma maior prosperidade", indicam.
Um dos problemas identificados pelos autores se refere à falta de abertura comercial do país. Hoje, o Brasil é apenas o 125o colocado nesse critério, entre 141 economias avaliadas. O Brasil também está entre os últimos colocados em termos de tarifas aplicadas (128) e barreiras não-tarifária (135); segurança (132); e maior estabilidade governamental (130).
Além disso, os líderes empresariais brasileiros classificam a burocracia excessiva como um dos principais problemas. Por esse critério, o Brasil é o último colocado.
A falta de visão de longo prazo do governo ainda coloca o País na 129º colocação entre os 141 avaliados. A carga tributária ainda seria uma das cinco piores do mundo.
Estagnação
No ranking publicado nesta terça-feira, o Fórum alerta que, depois de uma década de estímulos e a injeção de US$ 10 trilhões na economia mundial, o cenário internacional aponta para uma nova estagnação de sua produtividade.
Na avaliação da entidade, o mundo evitou o colapso da economia internacional em 2008. Mas não aproveitou o momento para transformar o sistema e arrumar as falhas que existem.
Um dos resultados foi o aprofundamento das desigualdades sociais e o surgimento de líderes populistas.
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