Deputados denunciarão políticas de Bolsonaro em encontro com Bachelet
GENEBRA – Membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados serão recebidos pela alta comissária da ONU, a chilena Michelle Bachelet. O encontro ocorrerá na próxima semana, quando a delegação estará na ONU para apresentar um relatório sobre as violações de direitos humanos no Brasil e denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro.
Bachelet deixou o governo irritado ao criticar, em uma conferência de imprensa, a violência policial, alertar para a redução do espaço democrático no Brasil e atacar o desmatamento. Como resposta, o presidente fez uma apologia ao regime de Augusto Pinochet, governo que a torturou e matou seu pai.
Dias depois, em Genebra, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, fez um alerta e indicou que Bachelet ou qualquer outro relator deveria primeiro procurar o governo, antes de fazer declarações sobre o país. O objetivo, segundo ela, seria o de "evitar mal-entendidos desnecessários".
O encontro entre nomes da oposição, parlamentares e a ONU é algo recorrente. A própria Bachelet se reúne com frequência com deputados e ongs de todas as vertentes políticas. Ao visitar a Venezuela, há poucas semanas, esteve tanto com Nicolas Maduro como com Juan Guaidó.
Mas, entre membros do governo Bolsonaro consultados pelo blog, o encontro com os parlamentares brasileiros poderia aprofundar o mal-estar do Planalto em relação à cúpula da ONU.
O encontro ainda ocorre às vésperas da estreia de Bolsonaro na tribuna das Nações Unidas, em Nova Iorque. A viagem deve ser marcada por uma forte pressão sobre o presidente brasileiro por conta de temas como direitos humanos e meio ambiente.
Em Genebra, a delegação de deputados será liderada pelo presidente da Comissão de Direitos humanos, Helder Salomão (PT-ES). Ele apresentará um informe com denúncias em áreas como desigualdade social, prisões, violência contra a mulher, meio ambiente, além de violência no campo e o desmonte de alguns dos mecanismos de participação da sociedade civil nas estruturas do estado.
O informe servirá para contrapor os dados que o governo está preparando para enviar à ONU, até o final do mês. Em 2017, ao ter sua situação avaliada pela entidade, o Brasil recebeu 246 recomendações sobre como aprofundar seu trabalho na área de direitos humanos. Agora, cabe ao governo dizer o que tem sido feito.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também fará parte da viagem. Além de Bachelet, os deputados estarão com a relatora especial sobre os direitos dos povos indígenas na ONU, Victoria Tauli-Corpuz, além de membros do Sub-Comitê contra a Tortura.
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