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Jamil Chade

Incêndios se multiplicaram por 4 entre 2018 e 2019, diz agência espacial

Jamil Chade

27/08/2019 05h36

GENEBRA – A Agência Espacial Europeia alerta que os incêndios na região da Amazônia foram quase quatro vezes superiores aos incidentes registrados no mesmo período de 2018.

"Dados de satélite mostram que há quase quatro vezes mais incêndios este ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Além do Brasil, partes do Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina também foram afetadas", disse a entidade, num comunicado emitido nesta terça-feira.

Para a agência, não se pode explicar a crise apenas por conta de fenômenos naturais. "Enquanto os incêndios florestais normalmente ocorrem na estação seca do Brasil, que vai de julho a outubro, o aumento sem precedentes é relatado como proveniente de desmatamento legal e ilegal, que permite que a terra seja usada para fins agrícolas, o aumento da temperatura global também pode estar tornando a região mais suscetível ao fogo", indica.

Utilizando os dados do Copernicus Sentinel-3, como parte do Atlas Mundial de Incêndios Sentinel-3, a agência europeia indica que foram detectados quase 4 mil incêndios entre 1 de agosto e 24 de agosto de 2019. No mesmo período de 2018, esse número foi de apenas 1110 incêndios.

"Ao processar 249 imagens para agosto de 2018 e 275 imagens para agosto de 2019, somos capazes de ver o incrível número de incêndios queimando na Amazônia. Isto foi conseguido através do algoritmo noturno World Fire Atlas, a fim de evitar possíveis falsos alarmes com o algoritmo diurno", diz Olivier Arino, da Agência Espacial.

"Os incêndios ainda liberaram 228 megatoneladas de dióxido de carbono na atmosfera, além de grandes quantidades de monóxido de carbono", indicam.

Os dados estão sendo publicados um dia depois da conclusão dos trabalhos do G7, em que um plano de US$ 20 milhões foi anunciado para ajudar a região a lutar contra o fogo. O governo brasileiro, porém, indicou que não vai aceitar a oferta.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)