Câmera flagra Merkel dizendo a Macron o que fazer sobre Bolsonaro
GENEBRA – A cena foi registrada pelas câmeras oficiais da cúpula do G7. Mas, quando se deram conta de que havia um debate real entre os líderes sobre o que fazer com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o cinegrafista foi obrigado a cortar a imagem.
Num mesa, antes de a cúpula começar em Biarritz, os principais líderes europeus se reuniram para debater a agenda do encontro. Isso ocorreu antes de eles irem ao encontro dos demais chefes-de-estado e de governo que formam o grupos das sete economias mais ricas do mundo.
Ao tratar da crise na Amazônia, a chanceler alemã Angela Merkel toma a iniciativa e diz que um telefonema ao presidente brasileiro deve ser realizado nos próximos dias. O motivo: para evitar que Bolsonaro tenha a "impressão de que estamos trabalhando contra ele".
Imediatamente, o novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, da seu aval. "Sim, acho que isso é importante".
Emmanuel Macron, presidente da França e que havia liderado o pedido para incluir o tema da Amazônia na agenda do G7, não disfarça seu constrangimento. "Quem?", pergunta o francês, emendando que precisava dizer algo para a alemã.
"Nós ligaremos para ele….", disse Macron, em tom de indagação. "E nossos chefes de gabinete…", disse o francês. Neste momento, Merkel aponta o dedo ao francês e a imagem é cortada.
Nos bastidores, a declaração de Macron de que poderia rever o acordo Mercosul-UE por conta da situação da Amazônia não foi acompanhada pelas diplomacias da Alemanha e Reino Unido, dois países com amplos interesses de comércio e investimento no Brasil.
Se a Irlanda também adotou uma postura parecida com a da França, também ficou claro que Macron não tem o apoio de outros governos, como o da Espanha, na tentativa de condicionar o tratado comercial à situação ambiental.
O problema, segundo fontes, é que esses tratados terão de ser ratificados por parlamentos. E, nas atuais condições, observadores em vários cantos da Europa alertam que dificilmente um parlamentar teria hoje a condição de sair em defesa de um acordo com o Brasil, sob o risco de ver seu eleitor o abandonar.
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