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Jamil Chade

“Difícil imaginar” acordo com Brasil enquanto floresta queima, diz UE

Jamil Chade

24/08/2019 07h37

Corredor de fumaça na Amazônia no dia 16 de agosto (Reprodução/Nasa)

 

GENEBRA – O presidente da Conselho Europeu, Donald Tusk, alertou que seria "difícil imaginar" um acordo entre a UE e o Mercosul enquanto a Amazônia queima. Suas declarações ocorrem às vésperas do início da cúpula do G7, em Biarritz, e que terá em sua agenda a situação no Brasil.

Na sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, deixou claro que poderia rever o apoio de Paris ao acordo comercial com o Brasil, assinado há poucas semanas. O mesmo fez a Irlanda. Ambos foram acusados por parte de membros da diplomacia brasileira de estarem buscando um argumento para justificar seu protecionismo agrícola.

Mas Tusk, neste sábado numa declaração à imprensa, deixou claro que a resistência a um acordo pode ser mais ampla e aprofundou a irritação entre diplomatas brasileiros.

Ele garante que continua a apoiar o tratado. "Mas é difícil imaginar um processo de ratificação de um acordo enquanto o governo brasileiro permite a destruição das terras verdes de nosso planeta", disse. Seu foco foi o de colocar, uma vez mais, a culpa sobre o presidente Jair Bolsonaro. Tusk alertou que essa é uma questão existencial. "Ser ou não ser", apontou.

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O presidente do Conselho da Europa ainda indicou que o bloco está disposto a ajudar financeiramente o Brasil a lidar com a situação na Amazônia. A criação de um mecanismo de ajuda, de fato, é algo que está na pauta do debate para os próximos dois dias.

Segundo ele, a queima da Amazônia é um "sinal depressivo de nossos tempos".

Na Comissão Europeia, a insistência é a de apontar que o tratado assinado tem cláusulas ambientais que poderiam forçar o Brasil a adotar uma nova postura.

Mas, para entrar em vigor, o tratado terá de ser ratificado por todos os parlamentos europeus. Hoje, segundo observadores em diferentes capitais do Velho Continente, seriam poucos os parlamentares que ousariam irritar seus eleitores ao defender um acordo com o Brasil, um país com uma imagem profundamente desgastada.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)