Incêndio na Amazônia é ameaça à saúde humana, alerta OMS

Reunião da OMS, em Genebra. Jamil Chade. Maio 2019
GENEBRA – Os incêndios que afetam a floresta Amazônica não devem ser vistos apenas como um risco para o futuro do planeta. O alerta da Organização Mundial da Saúde é de que esses incidentes representam uma ameaça real e imediata à saúde humana.
Em entrevista ao UOL, a diretora da OMS para Saúde Pública e Meio Ambiente, Maria Neira, insistiu que governos em todo o mundo precisam agir de forma rápida para lidar com essas situações.
"A contaminação do ar já mata 7 milhões de pessoas ao ano", disse. Uma de cada nove mortes ao ano é gerada pela poluição do ar e, segundo o Banco Mundial, a perda de vidas e de anos saudáveis poderia chegar a US$ 5 trilhões.
"Esses incêndios, no Brasil e em outros países, representam um problema para a saúde", alertou. Segundo ela, os estudos têm verificado que a fumaça produzida nessas regiões tem uma capacidade de se deslocar com velocidade e por vastas extensões de terra.
"Essa capacidade de se deslocar significa que terminam nos pulmões das pessoas", indicou.
Maria Neira não nega que preservar a floresta deva ser uma prioridade. Com 20% do oxigênio, a Amazônia é considerada como fundamental no ecossistema global. A diretora da OMS também aponta para a questão da biodiversidade. "Cada vez que temos um incêndio, essa biodiversidade é perdida", disse.
Mas seu alerta é sobre as populações afetadas pelas fumaças. "Essa deve ser também nossa preocupação. Claro, quanto mais perto do incêndio, maior será o impacto sobre populações em centros urbanos. Mas também sabemos que essa fumaça viaja longe", disse.
"Temos de lutar contra os incêndios por muitas razões. Pelo patrimônio de populações locais e biodiversidade. Mas, acima de tudo, para proteger a vida", insistiu.
Segundo Neira, o que ocorre hoje terá muitas consequências "no curto, médio e longo prazo". Por isso, ele pede medidas "rápidas e imediatas"
Política
A diretora da OMS ainda pede que o debate sobre o impacto das queimadas deixe de ser um assunto político e passe a ser tratado como uma questão de saúde. "Temos de despolitizar o assunto. Não é uma questão política. Não é de extrema-direita ou de extrema-esquerda. É um assunto de proteção de saúde", disse.
"Não podemos apenas pensar em nossos futuros e nas futuras gerações. Não podemos apenas falar dos pulmões do planeta. Precisamos proteger nossos pulmões também", disse.
Em sua avaliação, as queimadas não serão um problema apenas para as sociedades em várias décadas. "A nossa geração também vai sofrer", completou.
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