Novo informe sobre Mudanças Climáticas colocará Bolsonaro sob pressão
GENEBRA – Um novo informe do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigle em inglês) promete se transformar no novo ponto de desentendimento entre cientistas, a comunidade internacional e o governo de Jair Bolsonaro.
O documento será publicado no início de agosto para avaliar a relação entre mudanças climáticas e o uso da terra. A constatação é de que há uma tensão cada vez maior: de um lado, a produção de alimentos. De outro, a preservação como forma de lidar com as mudanças climáticas.
Os detalhes do informe ainda estão sendo mantidos em sigilo, assim como suas conclusões e recomendações. Mas um dos pontos é a conclusão de que a terra é "finita" e "limitada", o que portanto está causando um confronto entre aqueles que defendem a expansão de seu uso para a agricultura e aqueles que insistem que essa terra precisa fazer parte de um esforço para mitigar o impacto de mudanças climáticas no mundo.
Seus autores não disfarçam que existe o risco de um debate entre cientistas e governos sobre temas como a produção de alimentos ou bioenergia.
A preservação de uma certa área tem um impacto global e que, portanto, ações sobre a terra não podem ser consideradas apenas como uma decisão de impacto local.
Na semana passada, Bolsonaro causou ampla repercussão internacional quando declarou a jornalistas estrangeiros sua visão sobre a preservação da Amazônia.
"Existem regulamentações ambientais absurdas (no Brasil) que promovem um divórcio entre preservação ambiental e desenvolvimento", afirma. "A Amazônia é nossa, não é de vocês", declarou. "Existe uma verdadeira psicose ambiental que deixa de existir comigo", alertou.
Ele também surpreendeu ao colocar em questão dados científicos produzidos sobre desmatamento e garantiu que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente no mundo. "Se todos os dados de desmatamento dos últimos dez anos fossem verdadeiros, a Amazônia não existiria mais", disse.
Ao longo dos últimos meses, dados sobre mudanças climáticas chegaram a ser questionadas também pelo chanceler Ernesto Araújo.
Assim que assumiu, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, extinguiu a Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas e a substituiu pela Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável. Para a surpresa mundial, o Brasil ainda desistiu de sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), em dezembro.
Ativistas ainda criticaram quando o ministro disse que o governo precisava se preocupar com coisas mais tangíveis e que o assunto das mudanças climáticas era para "acadêmicos" sobre como estará o planeta "daqui a 500 anos". Sua pasta ainda contingenciou 96% dos recursos que existiam para a Política Nacional sobre Mudanças Climáticas.
Barack Obama e outros líderes já deixaram claro que a atual geração é a primeira no mundo a viver os reais impactos das mudanças climáticas.
No caso do IPCC, ainda que a sede de sua secretaria fique em Genebra, 53% dos cientistas que participaram da elaboração do documento são de países em desenvolvimento. O documento deve ser publicado no dia 8 de agosto.
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