Desemprego e recessão deixaram população mais vulnerável à fome
GENEBRA – As agências da ONU colocaram o Brasil como um dos países que, por conta da crise econômica nos últimos anos e do aumento do desemprego, viu um aumento da vulnerabilidade de sua população ao risco da fome.
Os dados fazem parte do relatório de cinco entidades das Nações Unidas que, no início da semana, traçou o mapa da fome no mundo. O documento foi preparado pela FAO, OMS e outras instituições e serve como a principal referência sobre a fome no mundo.
As agências estimaram que, de 137 países analisados, 84 deles estavam em uma situação de maior vulnerabilidade por conta de crises econômicas nos últimos anos.
O Brasil foi um deles. Na América do Sul, a mesma situação é destacada para a Bolívia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname e Venezuela.
Num outro trecho do mesmo informe, as agências da ONU voltam a colocar o Brasil entre os países com "um aumento da prevalência da má-nutrição" por conta de crises econômicas registradas entre 2011 e 2017.
Um ano antes, em seu relatório de 2018, a FAO havia apontado que, entre 2015 e 2017, o Brasil registrava menos de 5,2 milhões de pessoas que passavam fome.
As agências da ONU explicam que ainda não contam com os dados brasileiros para 2018, já que as informações ainda não foram repassadas pelas autoridades.
Mas alguns dados dariam uma sinalização: a anemia entre mulheres em idade reprodutiva aumentou. Ela passou de 25,3% em 2012 para 27,2% em 2016.
AVANÇOS
O total de famintos em 2017 representava, ainda assim, uma melhora importante em comparação aos dados de 2004, quando 8,6 milhões de brasileiros passavam fome. O índice é também bastante inferior às taxas dos anos 90.
Em termos percentuais, a fome passou de 12% da população brasileira em 1999 para 4% em 2004 e menos de 2,5% em 2010. No mesmo período, a fome entre crianças foi reduzida de forma importante, com queda de 6 pontos percentuais.
Mas o temor da entidade é quanto ao impacto da recessão econômica no Brasil e o salto importante nas taxas de desemprego.
Em entrevista ao UOL no início do ano, o diretor-geral da entidade, José Graziano, foi claro em dizer que a crise econômica levava a crer que haveria um aumento no número de pessoas sob risco de fome no País. "Até agora, o que se pode antecipar é um aumento da insegurança alimentar em geral devido à crise econômica, com aumento do desemprego", declarou. Naquela entrevista, ele também alertou que o combate à fome não poderia ter ideologia.
Um outro lado da vulnerabilidade das populações também é, paradoxalmente, o aumento da obesidade. Com uma renda menor, a tendência de famílias é a de buscar produtos mais baratos e, portanto, menos saudáveis. O resultado, no Brasil, acabou contribuindo para o salto na obesidade.
Em 2004, essa taxa era de 19%. Mas, em 2017, a proporção chegou a 22,3% dos brasileiros, num dos maiores saltos registrados no mundo.
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