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Jamil Chade

América Latina é região que mais perdeu floresta no século 21

Jamil Chade

19/07/2019 04h00

 

Desmatamento da Amazônia no Peru Foto: WFU/ACERS

 

GENEBRA – A América Latina foi a região do mundo que registrou a maior queda de cobertura florestal nos 15 primeiros anos do século 21. Os dados foram apresentados nesta quinta-feira pela FAO e destacam que, no atual ritmo, o planeta não conseguirá atingir seus objetivos de conservação do meio ambiente até 2030.

"A perda de floresta continua em uma taxa alarmante em algumas regiões", destaca o informe da entidade. "Entre 2000 e 2015, a proporção de área de floresta em comparação à área terrestre do mundo caiu de 31,1% para 30,7%", indicou. De acordo com o levantamento, os dados são coletados a cada cinco anos e, portanto, apenas em 2020 é que se poderá ter uma melhor ideia do que ocorreu nos últimos anos.

Mas a entidade deixa claro: "grande parte da perda ocorreu nos trópicos, com a maior queda na América Latina e na África". A conversão de áreas de floresta para o uso agrícola estaria entre os principais motivos para a perda das florestas. De acordo com a FAO, 80% da biodiversidade terrestre do mundo estão nas florestas.

No ano 2000, 49,1% do território latino-americano era coberto por florestas. Em 2015, essa taxa caiu para 46,4%. Na África Sub-Saariana, a taxa era de 29% e, em 2015, caiu para 26,9%.

Ganhos

Se na América Latina a cobertura florestal perde espaço, a FAO destaca como a Europa e América do Norte fazem um caminho inverso. "Nessas regiões, reflorestamento ativo e restauração, assim como a expansão natural de florestas em terras agrícolas abandonadas, levaram a uma expansão da área de floresta", indicou.

Na América do Norte e Europa, a taxa de cobertura florestal era de 40,5% em 2000 e, 15 anos depois, passou para 41%.

Em algumas partes do Sudeste Asiático a floresta também ganhou terreno, passando de 28,2% em 2000 para 29,4% em 2015.

Outra preocupação da FAO se refere à extinção rápida de espécies de sementes, animais e plantas. A entidade estima que, hoje, 60% delas estejam sob o risco de extinção. De cerca de 7,1 mil espécies que existem apenas em um país, 1,9 mil delas estão já na lista de potenciais casos de extinção, incluindo uma espécie de gado na Etiópia e a cabra Gembrong em Bali.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)