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Jamil Chade

Atração turística de Amsterdã se transforma em ato contra Bolsonaro

Jamil Chade

26/06/2019 06h26

AMSTERDAM – Amsterdam, 26 June 2019 Ð One of Europe's most photographed tourist attractions, the giant 'Iamsterdam' letters which previously stood in front of the Dutch capitalÕs world-famous Rijksmuseum, was brought back today by Greenpeace Netherlands as 'Iamazonia'. The 22m x 3 m high replica sign aims to draw attention to another landmark vital to our survival which is disappearing in front of our eyes: the Amazon rainforest. PHOTO MARTEN VAN DIJL / GREENPEACE

 

GENEBRA – Uma das atrações mais fotografadas na Europa por turistas que passam pela cidade de Amsterdã é transformado em um ato de protesto contra as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro.

Até dezembro de 2018, as letras gigantescas de "Iamsterdam" diante do Rijksmuseum atraiam turistas e milhões de fotografias. Mas a atração foi retirada pelas autoridades locais, depois de anos como um marco da cidade. As letras, que permaneceram no local por 14 anos, acabaram se transformando em uma vítima de seu próprio sucesso.

Agora, a entidade Greenpeace conseguiu autorização para voltar a colocar as letras no mesmo local. Mas, desta vez, com as palavras "Iamazonia". Um jogo de palavras com "Eu sou Amazônia".

A iniciativa ocorre um dia depois que um informe de relatores da ONU denunciou como "míope" a política ambiental brasileira.

O objetivo agora na Holanda é "chamar a atenção para outro marco vital para a nossa sobrevivência que está a desaparecer diante dos nossos olhos: a floresta tropical amazónica".

"Só quando algo desaparece é que nos damos conta do quanto sentimos falta dele", disse Sigrid Deters, defensor da floresta e da biodiversidade no Greenpeace Holanda.

"O emblemático cartaz de Iamsterdam, em frente ao Rijksmuseum, atraiu a admiração e as lentes de câmera de milhões de pessoas em todo o mundo. Ao trazê-lo de volta ao estado alterado como 'Iamazonia', o Greenpeace não apenas exige a proteção urgente da maior floresta tropical remanescente do mundo, mas também envia uma forte mensagem de solidariedade aos povos indígenas e comunidades tradicionais que estão protegendo a Amazônia contra o desmatamento", afirmou.

Num comunicado, o grupo alerta que o plano de Bolsonaro de "abrir a Amazônia para a exploração está se tornando uma ameaça real à floresta e aos povos indígenas que dela dependem". "Mas ao contrário da atração turística de Amsterdã, a floresta amazônica é um marco que ninguém pode perder", apontam.

Danicley de Aguiar, campanha florestal sénior no Greenpeace Brasil, comemorou a iniciativa. "Mais desmatamento da floresta amazônica agravará os impactos catastróficos do colapso do clima, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro", disse.

"A crise climática é a mais grave emergência na história da humanidade e os planos para permitir uma maior exploração da Amazônia não são apenas uma ameaça para os povos indígenas que vivem lá, mas um golpe de martelo em qualquer esperança de manter a temperatura do planeta acima de 1,5ºC. Os brasileiros saúdam a solidariedade de Amsterdã e da Europa: eu também sou Amsterdã. Somos todos Amazônia, e espero que pessoas e líderes de todo o mundo reflitam sobre a possibilidade de perder o que lhes é mais caro e tomar medidas urgentes", completou.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)