Acordo com Mercosul não é endosso de políticas de Bolsonaro, diz UE
GENEBRA – Questionada por centenas de cientistas e ongs sobre sua aproximação ao governo Bolsonaro, a UE garante que um eventual acordo comercial com o Mercosul não significará que o bloco europeu simplesmente passará a endossar as políticas sociais, de direitos humanos e ambientais do atual presidente do Brasil.
"De nenhuma forma concordamos com tudo que o presidente do Brasil diz ou propõe", afirmou a comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, em um evento em Genebra para defender a proibição do comércio de produtos que possam ser usados em atos de tortura. "Um acordo comercial não é um endosso de políticas nacionais. Se fosse, seriam poucos os países com os quais poderíamos fazer comércio", constatou.
Depois de 20 anos de negociações, um acordo entre o Mercosul e a UE está perto de ser concluído. Do lado sul-americanos, concessões importantes foram apresentadas, na esperança de que haja uma reciprocidade do lado dos europeus.
Uma das ideias é de que uma reunião ministerial seja realizada até o final do mês para tentar fechar o entendimento.
Mas, nas últimas semanas, dezenas de entidades, ongs e ativistas tem questionado a UE sobre o impacto que terá o acordo, principalmente ao dar uma espécie de legitimidade internacional ao governo de Bolsonaro.
Numa carta enviada esta semana à Comissão Europeia, mais de 340 entidades de direitos humanos e ambientais pediram a suspensão imediata da negociação.
Questionada pelo blog sobre a incompatibilidade entre as propostas de Bolsonaro no campo de direitos humanos e um acordo com o Brasil, a comissária deixou claro que o entendimento da UE é de que haverá um espaço para também se discutir assuntos sociais.
Segundo ela, o capítulo comercial da aproximação entre UE e Mercosul fará parte de um acordo-quadro mais amplo e que também tocará em aspectos políticos. Malmstrom indicou que haverá um compromisso de ambos os lados para "discutir assuntos relacionados com a sociedade civil, direitos humanos, meio ambiente".
"Estar em volta de uma mesa e pelo menos conseguir uma possibilidade para conversar sobre isso pode dar uma plataforma para possivelmente influenciar alguns desses temas", disse a comissária.
"Não tenho certeza que vai resolver, mas criará plataformas para discutir vários assuntos em que estamos em desacordo", declarou.
A comissária, apesar dos questionamentos da sociedade civil e da resistência de parte de fazendeiros europeus, ainda acredita que um acordo pode ser fechado. "Acho que pode ser feito", concluiu.
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