Recebido por líderes europeus, Raoni quer agora encontro com Bolsonaro
GENEBRA – Depois de ser recebido por líderes europeus e festejado pela opinião pública do Velho Continente, o cacique Raoni quer um encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Seu objetivo: debater a demarcação de suas terras e a proteção à floresta no país.
Fazendo uma turnê pela Europa para conscientizar lideranças internacionais sobre os riscos que a Amazônia corre com o novo governo brasileiro, Raoni deixa claro que, ao regressar ao Brasil, vai pressionar por um encontro em Brasília.
"Depois de minha viagem, quero chegar ao Brasil e me encontrar com Bolsonaro para que ele assine algum decreto para garantir a demarcação. É só isso que eu quero", disse.
"Ele ficou falando muita coisa e eu não gostei. Mas quero me sentar com ele para ver se encontramos uma solução", afirmou.
Questões indígenas e ambientais tem sido dois dos maiores problemas da imagem do governo Bolsonaro no exterior. Ao longo dos últimos meses, diversos líderes indígenas e ativistas de direitos humanos tem optado por usar o palco internacional para denunciar as políticas do atual governo.
Depois de passar pela França onde foi recebido por Emmanuel Macron, Bélgica e Luxemburgo, Raoni está na Suíça nesta semana. Assim como ocorreu em todos os demais lugares, foi recebido pelas autoridades máximas. Em Genebra, o prefeito da cidade encurtou até mesmo uma presença sua em um enterro de um amigo para garantir que estaria ao lado do líder indígena.
Com um mapa do Brasil e da reserva do Parque Indígena do Xingu sobre uma mesa, ele explicou às autoridades suíças nesta quarta-feira as ameaças que as reservas nacionais estão enfrentando.
Seu discurso é de que sua luta é para manter a floresta "para o mundo", e não apenas para seu povo. "Não podemos deixar derrubar", disse. Sua luta é para que haja uma pressão internacional sobre o governo brasileiro para garantir a demarcação de suas terras. "Estamos mantendo o território para todos nós", insistiu.
O líder caiapó, porém, avisou que estava já idoso e que o combate, em breve, terá de ser liderado por uma nova geração.
Um deles é o filho do cacique Aritana, Tapi Iwalapiti, que também viaja com Raoni. "Esse é o momento mais difícil para a defesa da floresta", disse. "Raoni nos disse que está ficando velho e que nós não poderíamos deixar isso acabar, que temos de segura essa terra", afirmou.
Para as autoridades europeias, Raoni pediu união. "Precisamos trabalhar juntos", disse.
Pressão
Em Genebra, o prefeito local, Sami Kanaan, deixou claro que vai ajudar financeiramente a iniciativa de Raoni, que espera reunir 1 milhão de euros para fortalecer a proteção de suas terras. Mas o prefeito quer ir além e pressionar politicamente o governo federal da Suíça para alertar sobre as relações comerciais com o Brasil.
Neste momento, o Mercosul e a Suíça negociam um acordo de livre comércio. "O comércio é bom. Mas não podemos assinar qualquer coisa em nome do comércio", disse o prefeito.
"Estamos preocupados diante das posições do novo governo brasileiro", disse Kanaan, que pediu esclarecimentos sobre a Funai e outras medidas. O retorno da Funai para o Ministério da Justiça, segundo os indígenas que estavam com Raoni, era a "única boa notícia" até agora do governo.
"Estamos conscientes da importância da proteção da Amazônia. Sabemos que existem lobbies muito agressivos. Seu combate é fundamental", disse o prefeito ao líder indígena. Para o prefeito, a pressão internacional é importante também convencer o governo brasileiro a assumir suas responsabilidades.
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