Bancos estão na mira da Lava Jato na Suíça e no Brasil
GENEBRA – Depois de investigar quem recebeu e quem pagou propina, agora uma parte do foco dos inquéritos no exterior e no Brasil relativos à Lava Jato se concentra em bancos e operadores que permitiram que os subornos pudessem ser transferidos. A suspeita é de que esses gerentes teriam sido fundamentais para criar um esquema para camuflar pagamentos e dificultar a identificação dos proprietários dos recursos.
Nesta manhã, no Brasil, o Ministério Público Federal lançou uma nova fase da Operação Lava Jato. Como alvo, o"esquema de lavagem de dinheiro praticado por altos funcionários" do Banco Paulista. Três mandados de prisão preventiva, sem prazo, foram expedidos. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, os funcionários do banco investigados atuaram em operações de lavagem de dinheiro junto com a Odebrecht.
Fontes ligadas ao processo indicaram que as informações sobre a participação do banco estavam já com as autoridades brasileiras há mais de um ano. Mas a operação ocorre num momento de definição sobre a permanência ou não do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) nas mãos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
O MP no Brasil não está sozinho na apuração do papel dos bancos. Na Suíça, as autoridades deixaram claro que, depois de investigar quem recebeu e que pagou propinas, a prioridade agora é a de saber de que forma os bancos locais também fizeram parte do esquema.
Num documento apresentado na semana passada m Berna, o Ministério Público da Suíça apontou que essa terceira fase já se iniciou em 2018, com a abertura de dois inquéritos contra instituições financeiras na Suíça.
Até hoje, mais de 20 bancos suíços foram alvos de um exame por parte das agências de regulação financeira. Três deles foram multados e inquéritos foram abertos contra gerentes e banqueiros. Mas as multas não passaram de US$ 5 milhões, um valor insignificante diante dos mais de US$ 1 bilhão congelados no país relativos ao escândalo brasileiro.
De forma inédita, esses bancos agora enfrentam processos criminais, numa verdadeira revolução silenciosa na Suíça.
No total, Berna encontrou e congelou mais de mil contas relativas aos suspeitos da Operação Lava Jato em mais de 42 bancos estabelecidos no país. A Suíça, porém, garante: não quer ser um porto seguro para a corrupção.
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