Governo americano hesita em cumprir promessa com Brasil na OCDE
GENEBRA – Diplomatas americanos se mantiveram em silêncio nesta terça-feira na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre o apoio do governo de Donald Trump à adesão do Brasil à entidade. Os emissários da Casa Branca indicaram que não tinham instruções para apoiar oficialmente nas reuniões da OCDE a adesão do Brasil, frustrando os planos de Brasília.
O blog antecipou com exclusividade, na semana passada, que um impasse por conta da posição dos EUA estava colocando em risco o processo de entrada do Brasil ao clube dos ricos. Tal processo de adesão apoiado pelos americanos dependeria agora, segundo os EUA, de uma reforma mais ampla na entidade.
A organização realizou, nesta dia 7, sua última reunião de alto escalão antes de sua conferência anual, que ocorre no final do mês em Paris. O evento em três semanas era esperado como o momento para que o processo de adesão do Brasil fosse iniciado. Para marcar a data, estão sendo organizadas as viagens dos ministros Paulo Guedes (Economia) e de Ernesto Araújo (Relações Exteriores) para Paris, sede da entidade.
Mas, sem uma postura clara por parte dos americanos, pairam dúvidas agora se o processo para a entrada do País ao grupos conhecido como "clube dos ricos" de fato irá ocorrer neste mês.
Em março, Jair Bolsonaro deixou Washington com o trunfo de ter conquistado o apoio dos EUA para sua adesão à OCDE. Em troca, o Brasil abriu mão de seu status de país em desenvolvimento para futuros acordos na OMC e, nesta terça-feira, chegou a ser amplamente aplaudido pelo governo de Washington em Genebra.
Em conversas privadas, diplomatas americanos confirmaram ao Brasil que o apoio existe para a adesão. Mas, na prática, isso não se traduziu em uma nova postura na OCDE e não há prazo para que isso ocorra. O resultado é uma incerteza para a diplomacia brasileira.
Impasse
Também pesa o impasse existente entre americanos e europeus na entidade. Nos últimos anos, Washington não escondia sua insatisfação diante do desequilíbrio que existe do grupo, com uma participação elevada de europeus e, em teoria, poucos aliados da Casa Branca.
Para equilibrar o debate, portanto, Donald Trump sugeriu a adesão inicial de Argentina e, em seguida, a entrada do Peru. O bloco "americano" passou a incluir o Brasil, depois da visita do presidente Jair Bolsonaro para os EUA. Mas a referência ao País nunca foi colocado em um documento oficial pelos americanos na OCDE e, hoje, não anunciaram qualquer mudança em sua postura.
Do lado europeu, não existe uma rejeição à ideia da entrada do Brasil nem dos demais sul-americanos. Mas, para aceitá-los, a União Europeia insiste em querer mais três europeus no grupo –e que, por sinal, já estariam na fila antes: Croácia, Romênia e Bulgária.
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