Investigação americana denuncia subornos a "políticos brasileiros"
GENEBRA – A promotoria americana investiga um esquema de pagamentos de propina na Petrobras que envolveria um ex-ministro e um ex-deputado federal. Documentos obtidos pelo blog revelam que um dos supostos participantes no esquema, um cidadão americano, já foi indiciado no final de 2017. Os nomes dos políticos brasileiros, porém, estão sendo mantidos em sigilo pelo Departamento de Justiça dos EUA.
Em novembro de 2017, a promotoria americana denunciou Roberto Finocchi, cidadão americano e que representava a empresa Asphalt Company, qualificada nos documentos do inquérito como "uma das maiores fornecedoras de asfalto do mundo". A empresa contava com uma trading com sede na Suíça.
"A responsabilidade de Finocchi incluia buscar contratos para a Asphalt Company e a Asphalt Trading com a Petrobras", diz o inquérito.
De acordo com a investigação, Finocchi acertou com uma série de consultores o pagamento de propinas para agentes em 2010, que, em troca, garantiriam acordos para o fornecimento de asfalto para a Petrobras.
O dinheiro foi pago por meio "de uma conta bancária no Distrito Sul da Flórida, uma conta na Suíça e empresas de fachada nas ilhas Marshall". O dinheiro, segundo o inquérito, passou por dois políticos brasileiros.
Um deles é mencionado como "político brasileiro #1, cuja identidade é conhecida dos EUA". Apesar de seu nome estar sendo mantido em sigilo, ele foi apenas descrito como "um membro do Congresso brasileiro". O outro, classificado como "político brasileiro #2", teria sido "um ministro no governo brasileiro".
Os nomes dos políticos, nos EUA, estão sendo mantidos em sigilo, já que as investigações continuam. Os documentos tampouco especificam em qual governo tal suspeito ocupou uma pasta ministerial.
O material coletado por americanos e suíços indicam que as negociações e pagamentos teriam ocorrido entre 2010 e 2013. Uma das transferências registradas ocorreu em 15 de setembro de 2010, com um valor de US$ 929 mil.
"Como resultado do esquema de corrupção, a Asphalt Company, a Asphalt Trading e a Asphalt Company Subsidiary e outras empresas relacionadas obtiveram vários contratos com a Petrobras, no valor de mais de US$ 185 milhões", diz o indiciamento.
No Brasil, o caso de Finocchi aparece no inquérito dirigido contra Cândido Vaccarezza, ex-deputado e ex-líder do governo Lula e Dilma na Câmara. A denúncia também se refere ao recebimento de propinas também no caso do fornecimento de asfalto para a Petrobras.
Na denúncia do MPF do dia 15 de agosto de 2018, constata-se que Finocchio representava a Sargeant Marine, outra empresa citada nas investigações. Operadores, portanto, teriam "solicitado propina diretamente ao executivo da SARGEANT MARINE ROBERTO FINOCCHI, durante reunião em Houston/TX (EUA)".
No Brasil, Vaccarezza foi denunciado na Operação Lava Jato por formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro, em suposto esquema de corrupção relativo ao fornecimento de asfalto pela empresa americana Sargeant Marine à Petrobras.
Ele insistiu, já no ano passado, que a denúncia seria baseada em apenas "numa delação premiada de uma única pessoa, não tem prova, não tem movimentação financeira, não tem enriquecimento ilícito". "Sou inocente e vou provar a minha inocência", disse.
Ele se referia ao relato do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, em acordo de colaboração celebrado com o Ministério Público Federal.
O ex-deputado foi preso em agosto do ano passado na Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato. O então juiz federal Sergio Moro mandou soltar Vaccarezza, que alegou "problemas de saúde", mas com imposição de seis medidas cautelares. Uma delas era uma fiança de R$ 1,5 milhão.
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