Crise retira 1 milhão de alunos de escolas na Venezuela
GENEBRA – Na Venezuela, as escolas já não são destinos para onde as crianças vão aprender. Os alunos são enviados ao local por seus pais com um objetivo: comer. Mas quando não há alimentos, muitas se dão conta que as classes ficam vazias.
Dados coletados pela ONU revelam que, em 2019, a crise retirou das escolas mais de 1 milhão de crianças.
De acordo com os dados oficiais, 6,4 milhões de crianças estão inscritas nas escolas da rede do estado, com 30 mil escolas. Em alguns locais, porém, classes que deveriam ter 40 crianças contam com menos de dez alunos. Mesmo assim, alguns deles apenas aparecem na hora do almoço. Para comer.
Diante do desabastecimento e da crise econômica, muitas das escolas passaram a dividir o alimento que iria para um aluno para garantir que aquela mesma porção possa "render mais".
Um levantamento também mostrou que, em muitas das escolas, a água é tão rara como a eletricidade, o que dificulta a limpeza dos banheiros. A taxa de ausência também chega a 50% dos dias letivos em muitas regiões.
Se falta água, o debate sobre o material é ainda mais crítico. Famílias venezuelanas contactadas pelo blog contaram que, para driblar a falta de papel e lapis, professores passaram a sugerir que os alunos apenas escrevessem o que fosse realmente necessário.
Outro problema tem sido o êxodo de professores. Os dados são diversos. Mas todos apontam para uma falta de profissionais nas escolas. Algumas entidades, como a Associação Nacional de Instituição do Ensino Privado, estimam que um terço dos professores deixou o país ou passou a buscar outros trabalhos.
Já a Associação de Professores da Venezuela estima que essa taxa é de 20%.
Seja qual for o número real, muitos dos bairros tem visto os pais dos próprios alunos assumindo o papel dos professores para garantir que seus filhos – e o restante da classe – continuem a estudar.
O governo venezuelano insiste que, apesar dos problemas, não existe uma crise humanitária. Já os problemas enfrentados pelos venezuelanos seriam, segundo Caracas, resultado das sanções impostas pelos americanos.
Para a oposição venezuelana, a culpa é do governo de Nicolas Maduro.
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