Partidos alemães atacam Bolsonaro por comentários sobre origem do nazismo
Para deputada do partido que faz parte da aliança no poder, Bolsonaro usa "estratégia de mentiras". Já o partido Die Linke chama o brasileiro de fascista.
GENEBRA – Alguns dos partidos mais tradicionais da história da Alemanha pós-Hitler atacam o presidente Jair Bolsonaro por seus comentários sobre a origem do nazismo.
Nos últimos dias, o chefe de estado declarou que o nazismo tinha suas origens nos movimentos de esquerda na Europa, versão também declarada pelo chanceler Ernesto Araújo.
Ao blog, a deputada do Partido Social-Democrata (SPD) Yasmin Fahimi não poupou críticas ao brasileiro. "Os nazistas também usaram o termo 'social' como uma máscara para seu real programa político", disse Fahmi, que faz parte do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento alemão.
Seu partido governou a Alemanha sob a gestão de Gerhard Schroeder, Helmut Schidt e Willy Brandt. Hoje, o SPD também faz parte da coalizão que governa a Alemanha, num acordo com o partido de Angela Merkel, de centro-direita.
Qualquer tipo de iniciativa por parte do governo em matéria de relações exteriores também passa pelo SPD. Hoje, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha é Heiko Josef Maas, justamente do Partido Social-Democrata.
"O fato de Jair Bolsonaro estar usando a mesma estratégia de mentiras é uma ridicularização inaceitável das vítimas que foram mortas pelos nazistas", disse Fahimi.
"Durante a Alemanha Nazista, foram os sociais-democratas que foram presos e mortos, antes de mais nada", afirmou. "Nazistas foram demagogos fascistas de extrema-direita. Durante esse período, a Alemanha foi uma ditadura fascista, desumana e de ideologia racista. A declaração de Bolsonaro deprecia a memória de todas as vítimas assassinadas pela violência dos nazistas", insistiu.
"O movimento de esquerda, pelo contrário, lutou pela liberdade e pela igualdade de todos. Isso é o oposto do fascismo", completou.
Heinz Bierbaum, chefe do Comitê Internacional do partido Die Linke, tampouco poupou críticas. "Bolsonaro pode ser chamado de fascista", disse. "Desprezando a democracia, as conquistas do Estado de Direito, ele ataca esquerda, LGBT, povos indígenas, afro-brasileiros, minorias e ativistas", declarou.
"A esquerda de todo o mundo se levanta contra Bolsonaro e todo seu ódio", disse. "A história da Alemanha e o surgimento do Partido Nazista nos ensinam a resistir a ameaças do racismo e intolerância em sua origem", atacou o deputado.
Segundo ele, a declaração de Bolsonaro sobre a origem do nazismo é "uma completa distorção dos fatos históricos". "Sem qualquer dúvida, o nazismo é um movimento fascista. Eles não foram responsáveis apenas pela morte de 6 milhões de judeus, mas também de 20 mil membros de partidos de esquerda", declarou.
"Mais de 3 milhões de prisioneiros soviéticos morreram nas prisões na Alemanha durante a guerra", insistiu, lembrando que a ofensiva nazista no mundo e sua ideologia anticomunista deixou como resultado 65 milhões de mortos.
"A esquerda foi parte da resistência antifascista em toda a Europa e lutou contra esses regimes desumanos", completou.
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