Palestinos preparam protestos contra Bolsonaro
A visita de Jair Bolsonaro ao líder israelense, Benjamin Netanyahu, promete ser alvo de protestos. A informação é de Raji Sourani, um dos principais ativistas palestinos e advogado em Gaza. Em 1991, ele foi o vencedor do prêmio de Direitos Humanos Robert F. Kennedy.
Em entrevista ao blog por telefone, o palestino explicou que uma manifestação em diversas cidades já estava organizada para 30 de março, um dia antes da chegada do brasileiro. Mas os protestos ganharão um componente de repúdio ao novo posicionamento do governo do Brasil no que se refere à questão palestina.
Bolsonaro prometeu mudar a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, violando resoluções do Conselho de Segurança da ONU e acenando com uma indicação de que o governo chancelaria a antiga reivindicação de Israel pelo controle da Cidade Sagrada.
Além disso, o Brasil deu fortes demonstrações de que passará a apoiar o governo de Netanyahu nos fóruns internacionais. Na semana passada, o Itamaraty modificou sua tradicional posição na ONU e votou contra os palestinos em resoluções no Conselho de Direitos Humanos.
"Um dos slogan desse protesto será o de condenar a atitude do Brasil", disse o ativista. "Jamais o povo palestino pensou que o Brasil adotaria tal postura", afirmou. "Estamos muito irritados com isso. Trata-se de uma decisão estúpida e que, acima de tudo, atende apenas ao interesse pessoal do presidente (Bolsonaro)", apontou.
Considerado como prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional, Sourani ocupou cargos na Comissão Internacional de Juristas e fundou o Centro Palestino de Direitos Humanos. Em 2013, ele ainda recebeu o Right Livelihood Award, uma espécie de Prêmio Nobel alternativo.
"É vergonhoso e injusto que o maior país da América Latina tenha seguido esse caminho", insistiu. "O Brasil deveria dar o exemplo de respeito ao estado de direito, e não apoiar a ocupação e crimes", criticou Sourani.
"Por séculos, o Brasil foi uma colônia. E, agora, apoia um colonizador. Isso nem Kafka poderia explicar", completou.
Na semana passada, uma comissão de inquérito da ONU concluiu que Israel cometeu possivelmente crimes de guerra em suas operações em Gaza, em 2018. O Brasil, porém, foi um dos poucos países a votar contra a aprovação do informe.
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