Participação de mulheres no governo Bolsonaro é uma das menores do mundo
Levantamento da ONU revela que composição do Executivo vai na direção contrária à tendência mundial
GENEBRA – Com apenas duas ministras entre 22 pastas, o governo de Jair Bolsonaro tem um dos piores índices de participação feminina no Executivo entre todos os países do mundo. Na média, a taxa internacional é de 20,7% dos ministérios ocupados por mulheres. No Brasil, o índice é de apenas 9%. Os dados foram publicados nesta terça-feira pela ONU num estudo que é realizado apenas a cada dois anos.
O levantamento também ocorre no mesmo momento em que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, participa, em Nova Iorque, da 63ª Conferência sobre o Status da Mulher. No geral, o Brasil aparece apenas na 149a colocação e apenas 39 países tem um desempenho abaixo do brasileiro.
Bolsonaro, no dia internacional da mulher, chegou a declarar que "pela primeira vez o número de ministros e ministras está equilibrado num governo". "Cada uma das duas mulheres (ministras), equivale por dez homens", disse o presidente.
Além de Damares, a pasta da Agricultura é comandada por Tereza Cristina. A brincadeira de Bolsonaro não deixou as entidades de direitos humanos satisfeitas. Camila Asano, representante da entidade Conectas, criticou a fala num evento organizado em Genebra.
"Esse deboche mostra a dificuldade de falar do assunto de forma séria", disse. "Uma representação igualitária em posições do governo é fundamental para que a democracia seja verdadeiramente representativa e efetiva", afirmou Gabriela Cuevas Barron, presidente da União Inter-Parlamentar.
A baixa presença de mulheres no governo brasileiro vai no sentido contrário à tendência internacional. De acordo com a ONU, a participação de mulheres em postos ministeriais no mundo é o maior já registrada.
Em nove países, a taxa supera a marca de 50%, como na Colômbia, Costa Rica, França ou Canadá. No caso da Espanha, a participação feminina é de 64%. "Temos um longo caminho pela frente ainda. Mas o aumento da proporção de ministras é encorajador", declarou Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da UN Woman, a agência da ONU para as mulheres.
O que também chama a atenção é que as pastas comandadas por mulheres são cada vez mais aquelas que, historicamente, estiveram nas mãos de homens. Entre 2017 e 2019, houve um aumento de 30% no número de mulheres que ocupam cargos de ministras de Defesa. Na pasta de finanças, a alta em dois anos foi de 52% e 13% de aumento no cargo de Relações Exteriores.
O Brasil de Bolsonaro, porém, vem no lado oposto do ranking e está abaixo do Paquistão, com 12% dos cargos ministeriais nas mãos de mulheres. Na Mauritânia, são 31%, contra 29% nos Emirados Árabes.
Em comparação aos Brasil, os seguintes países também contam com maior representação feminina no governo: Sudão, Camboja, Filipinas, Laos, Síria, Argélia, Gabão, Afeganistão.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.