Movimento de mulheres avalia se transformar em partido com cotas invertidas
Ludmilla Teixeira, do grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, explica que existe um debate sobre institucionalizar o movimento para ocupar o espaço político. Homens teriam uma cota para participar do novo partido.

Ludmilla Teixeira está em Genebra para participar de eventos na ONU e no Festival de Cinema de Direitos Humanos
GENEBRA – Uma das organizadoras do grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, Ludmilla Teixeira, afirma que o movimento iniciado em 2018 avalia se transformar em um partido político. Em entrevista em Genebra ao blog, a funcionária pública baiana não descarta preparar o grupo para pode concorrer às eleições municipais, mas admite que o debate ainda está em curso. O novo partido, segundo ela, teria cotas. Mas, desta vez, para homens.
Ludmilla não foi quem fundou o movimento. Mas, como ela disse, "acendeu o fósforo para explodir o barril de pólvora da indignação coletiva feminina". Foi a baiana quem estabeleceu uma página no Facebook para um movimento que, no ano passado, ainda ganhava forma. Quase que de forma instantânea, o site se transformou em uma central de convocação de manifestações de rua contra o então candidato Jair Bolsonaro.
A ativista, que está em Genebra para reuniões na ONU e para participar de um Festival de Cinema, alerta que existe "um real risco de retrocessos" no que se refere aos direitos já adquiridos pela mulheres no Brasil.
Segundo ela, portanto, o movimento que começou em 2018 precisa se organizar para lutar contra esses retrocessos. "A primeira etapa do movimento será o de institucionaliza-lo. Precisamos de um CNPJ, uma associação, uma ong, um partido político para representar as mulheres. De alguma forma, precisamos institucionaliza-lo", defendeu.
Atualmente, o grupo está avaliando uma mudança de nome. Uma das opções seria trocar o Mulheres Unidas contra Bolsonaro para "Mulher Unidas com o Brasil". "Mas existe uma resistência de uma parte do grupo, já que Bolsonaro conseguiu destruir tanto a imagem do patriotismo que ele se apropriou a bandeira e as cores. Portanto, há uma parcela do grupo que está indignada com o novo nome, já que acha que isso acabaria nos associando a Bolsonaro", explicou. "Mas o nosso país não pertence a um partido, a uma pessoa", defendeu.
"A vontade era de fundar um partido político, pois não queremos as cotas de 30%", disse. "Não queremos participar de cotas de partidos. Não queremos ser cotistas. Queremos ser protagonistas. Se a lei permitisse, seria um partido exclusivamente de mulheres. Mas a Constituição não permite. Então, queremos inverter a lógica e ter os homens como cotistas", contou. "Queremos fazer políticas por mulheres para mulheres", insistiu.
Ludmilla evita falar em prazos para a criação do novo partido. Mas acredita que um dos objetivos poderia ser a participação nas próximas eleições municipais.
Ela não esconde, porém, que o movimento conta com mulheres que tampouco querem isso para o futuro do grupo. "Há muita gente que associa a política à corrupção. Há uma resistência. Mas há muita gente que quer", disse.
"Eu me considero uma anarquista. Mas hoje vou para a via partidária. Presidamos organizar a luta. Queremos participar do espaço de poder para impedir projetos de leis loucos e arbitrários", explicou.
Questionada se seria candidata, ela garante que sim. "Seria", afirmou.
"O que existe é a tentativa de impôr um controle social e político da mulher", disse. "Os homens não querem discutir seus privilégios e se sentem ameaçados pela emancipação da mulher e nossa participação na política. É a tentativa de retornar a mulher para a cozinha", completou.
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