Sachs defende barreiras comerciais contra quem desmatar
GENEBRA – Países deveriam ser autorizados a impôr barreiras comerciais contra o Brasil ou outras economias caso esses exportadores não cumprem suas responsabilidades ambientais ou que tentem vender produtos de regiões que foram devastadas para que tais bens sejam cultivados.
Quem defende isso é Jeffrey Sachs, professor da Universidade Columbia e considerado pela revista Time Magazine uma das pessoas mais influentes do mundo. Num evento nesta terça-feira em Genebra na Organização Mundial do Comércio (OMC), o americano insistiu sobre a necessidade de que haja "coerência" entre tratados comerciais e ambientais.
"Não podemos importar (produtos) se eles vem de regiões que acabam de ser devastadas da floresta tropical", disse. "Pode colocar barreiras", afirmou. "Essa coerência vai ter de se construída. Vai ser difícil ela ser criada", admitiu o americano, chamando os governos que não cumprem suas obrigações de "estados párias".
Citando a ausência do Brasil nos debate sobre o clima em Nova Iorque, em setembro, Sachs insistiu que perguntas "fundamentais" precisam ser colocadas: "como vamos comercializar com o Brasil se não participa do esforço climático?". "São questões delicadas. Mas temos de lidar com tais temas se queremos ir adiante", defendeu o americano que foi conselheiro no FMI, no Banco Mundial, na OCDE, na Organização Mundial de Saúde e no Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.
Sachs definiu a questão ambiental como "existencial" e classificou os incêndios na floresta como "uma dramática limpeza de terra".
As declarações do americano ocorrem um dia depois que, no Reino Unido, o Parlamento iniciou um exame de uma petição que solicitava que sanções fossem impostas contra o Brasil por conta dos incêndios na Amazônia.
Na UE, diferentes governos tem alertado sobre a vinculação da ratificação do tratado Mercosul-Europa com aspectos ambientais. O próprio acordo, assinado em julho, estabelece que os europeus terão o direito de adotar medidas se houver um desmatamento causado pelas exportações de bens para a UE. Mas, por enquanto, poucos sabem dizer como esse mecanismo funcionaria.
O americano também atacou de forma dura seu próprio governo, liderado por Donald Trump. Em sua avaliação, a Casa Branca está levando o cenário internacional à beira de um colapso do sistema multilateral.
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