Topo

Jamil Chade

Suíça diz que não recebeu pedido para cooperar em caso de hacker

Jamil Chade

25/07/2019 19h22

Walter Delgatti Neto, em depoimento em 2015, afirmou ter conta na Suíça e que a declarava em seu imposto de renda

 

GENEBRA – As autoridades suíças informaram que, até o momento, não receberam qualquer pedido de cooperação por parte do Brasil para investigar ou congelar supostas contas em nome de Walter Delgatti Neto. Ele é suspeito de ter sido um dos autores dos ataques contra celulares de autoridades brasileiras.

O Escritório Federal de Justiça da Suíça, por email, declarou que "não recebeu um pedido de assistência mútua legal nesse caso".

Delgatti disse, em um outro inquérito, que teria uma conta bancária na Suíça. Em 2015, ele foi acusado por uma menina de 17 anos de te-la estuprado.

Em reportagem, o jornal Folha de S. Paulo, revelou que Delgatti, na época, explicou a uma delegada da Polícia Federal que era investidor "e que tem uma conta em um banco da Suíça, motivo pelo qual ele faz várias viagens por ano, para aquele país e para a Europa por causa da movimentação dessa conta".

Ele também indicou que tal conta estava declarava ao fisco brasileiro. De acordo com a reportagem, a delegada ainda tentou saber qual seria a fonte de renda de Delgatti e "no que ele realmente trabalhava". Mas o suspeito apenas permaneceu em silêncio.

Um eventual pedido de cooperação entre o Brasil e a Suíça poderia dar acesso à suposta conta do brasileiro, caso ela de fato exista. Ao ter dados sobre a conta, as autoridades poderão saber quem depositou e a quem ele transferiu dinheiro.

Desde 2014, foram cooperações neste sentido que permitiram que a Operação Lava Jato chegasse aos autores de pagamentos de propinas no Brasil e seus beneficiários.

Delgatti foi um dos quatro presos pela Polícia Federal, suspeito de ter sido o autor dos ataques contra celulares de autoridades brasileiras, entre eles o ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)