Tacla esteve com os EUA antes de conversa entre Moro e Deltan
Emails apontam que procuradores brasileiros seriam convidados. Mas, segundo advogado, membros da Lava Jato não apareceram ao encontro
MADRI – Citado nas mensagens entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, o advogado brasileiro Rodrigo Tacla Duran afirma ter estado nos EUA para repassar informações sobre as suspeitas de corrupção no Brasil às autoridades americanas.
O encontro ocorreu duas semanas antes das conversas publicadas pelo site The Intercept entre Moro e Dallagnol, no dia 31 de agosto de 2016. Segundo Tacla, porém, ninguém compareceu à reunião por parte dos procuradores brasileiros.
O brasileiro, que hoje vive na Espanha, recebeu o blog em um hotel de Madri e afirmou que estava voluntariamente colaborando com as autoridades americanas, num movimento que poderia esvaziar um acordo entre a Odebrecht e as autoridades.
Investigado pela Lava Jato, Tacla Duran foi preso em novembro de 2016, ao chegar a Madri, e ficou detido por 70 dias. A força-tarefa da Lava Jato insiste que o brasileiro é um "fugitivo", mas a Interpol retirou qualquer alerta contra Tacla Duran. Ao UOL, Tacla afirmou ter sido vítima de extorsão por advogado no caso da Lava Jato.
Tacla Duran atuou como advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016. A Lava Jato, no entanto, o acusa de movimentar mais de R$ 95 milhões para construtora e outras empresas em vários países do mundo, além de lavar por meio de suas empresas cerca de R$ 50 milhões.
Sua situação era uma das prioridades da Lava Jato. De acordo com as mensagens vazadas, Moro teria perguntado ao procurador: "Não é muito tempo sem operação?".
Na resposta, Dallagnol explica e cita o brasileiro que hoje vive em Madri. "É sim. O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a do taccla pelo risco de evasão, mas ela depende de articulação com os americanos". Segundo depois, ele completa: "que está sendo feita".
Mas, numa troca de emails entre advogados também envolvidos na organização do encontro, uma reunião nos EUA é mencionada para ocorrer nos dias 18 e 19 de agosto daquele mesmo ano, menos de 15 dias antes dos comentários de Dallagnol.
"Seria para revisar conjunto com os EUA e Brasil os documentos", indica uma das mensagens, obtida pelo blog.
Numa outra mensagem, do dia 1º de agosto de 2016, os advogados enviariam um email a um dos representantes das autoridades americanas para pedir uma confirmação sobre o encontro de 18 e 19 de agosto.
Mas, em ambas as mensagens, os advogados insistem que o encontro deveria ocorrer em "coordenação" com procuradores brasileiros. Ao UOL, Tacla afirma: "Eles não compareceram à reunião".
Segundo ele, os americanos chegaram a perguntar se ele teria alguma oposição em realizar uma reunião com os brasileiros. "Respondi que não", completou.
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