Com caso de sarampo em São Paulo, governo fará nova campanha de vacinação
GENEBRA – O governo brasileiro irá promover uma campanha extra de vacinação contra o sarampo, a partir de 10 de junho, em São Paulo. A informação é do Ministério da Saúde, que, nesta semana, está liderando na Suíça uma frente pela vacinação nas reuniões da Assembleia Mundial da Saúde.
Com caso autóctone de sarampo registrado em São Paulo na semana passada, a situação passou a ser considerada como preocupante por parte das autoridades. A avaliação é que 30% da população da região não está imunizada e uma eventual proliferação da doença poderia ter um importante impacto.
No total, 3,2 milhões de doses de vacinas foram disponibilizadas. Um milhão delas já está em armazéns.
Essa é a primeira vez desde 2015 que o município registrou a circulação do vírus internamente. Até a semana passada, ainda existiam outros quatro casos importados da doença. No total, outras 92 ocorrências suspeitas estão em investigação.
O temor, porém, é com as temperaturas mais frias a serem registradas a partir de junho e por parte importante da população não estar protegida.
Ao blog, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, indicou que a vacinação é uma de suas prioridades. "Vamos colocar na agenda e provocar o Poder Legislativo para que aumente a valência do documento de vacina, como um documento obrigatório para crianças em creche, para matrícula escolar", explicou.
Com as Forças Armadas, a ideia dele é que se vacine todos os homens de 18 anos que se apresentem para o serviço militar, mesmo que sejam liberados. "Queremos aproveitar, já que passam por lá", disse. Mandetta quer ainda que a carteira de vacinação se transforme em um documento de saúde do trabalhador.
Além do caso de São Paulo, o ministro não esconde sua "enorme preocupação" com a situação da Venezuela e o fluxo de refugiados e migrantes. "Foi por lá que entrou o sarampo no Brasil", disse. De acordo com Mandetta, Caracas perdeu a credibilidade na notificação de doenças infecciosas. "Então, estamos tendo notificações oficiosas e uma delas é de difteria, o que é algo muito sério. Vamos para outro patamar", disse.
Segundo ele, o Ministério da Saúde reforçou os estoques de soro e de vacinação na região de fronteira com a Venezuela.
De acordo com o ministro, sua pasta não sofreu cortes ainda em 2019. "Estamos trabalhando bem", disse. "Acabei de aumentar o repasse para a atenção primária", disse, citando um impacto de R$ 1 bilhão nesse setor.
Campanha
Nesta semana, nas reuniões anuais da OMS (Organização Mundial da Saúde), o ministro vai ser um dos líderes dos esforços para convencer a comunidade internacional a se comprometer a voltar a dar a atenção à vacina.
"O que estamos vendo é a queda da vacinação em todo o mundo", disse. "Não é um fenômeno localizado em um país. Nova York, de forma impensável, decretou uma emergência sanitária. França e Japão também têm dificuldades grandes", disse.
"Nós estamos fazendo um esforço pró-vacina muito forte no Brasil. Mas não adianta ser um esforço apenas brasileiro e não ser um esforço internacional", alertou. "Só no Carnaval, paramos oito navios para vacinar, antes que desembarcassem. Tinham casos de sarampo da França, da Europa e dos EUA. Ou é um esforço global de algo que todos devem se apropriar, ou vamos ver o ressurgimento de várias doenças", completou.
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