Na ONU, ativistas internacionais e brasileiros cobram governo por Marielle
GENEBRA – Ativistas, defensores de direitos humanos, líderes indígenas e entidades internacionais se uniram nesta quarta-feira para cobrar, na ONU, uma resposta do governo diante do assassinato de Marielle Franco, que completa nesta quinta-feira seu primeiro aniversário.
Num discurso nesta manhã diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, a representante da entidade Conectas, Camila Asano, alertou que o momento chegou para que o governo de Jair Bolsonaro faça uma demonstração internacional de que está comprometido em proteger ativistas.
Ela falava em nome de quase 20 ongs, entre elas o Movimento Internacional contra Toda Forma de Discriminação e Racismo, Franciscans International, a Organização Mundial contra a Tortura, Artigo 19 e o Conselho Indigenista Missionário.
"Muitos que confrontam o poder com a verdade no Brasil, como Marielle Franco, pagam com suas vidas por proteger os direitos humanos", disse. Segundo ela, as autoridades brasileiras tomaram "poucos passos" para fazer justiça.
"Apenas ontem (terça-feira), dois suspeitos foram detidos preventivamente", disse, numa referência à operação no Rio de Janeiro que prendeu suspeitos e encontrou um verdadeiro arsenal de armas. "Ainda existe um estrondoso silêncio sobre quem ordenou o crime", alertou Camila Asano.
Ao descrever a atuação de Marielle, as ongs lembraram como ela defendia todas as vítimas de abusos, inclusive os familiares de policiais mortos em serviço. "Seu assassinato representa uma ameaça a todos os defensores de direitos humanos no Brasil", declarou.
"Chegou a hora de o Brasil mostrar à comunidade internacional que está verdadeiramente engajado na proteção de todos os defensores de direitos humanos", disse. "Chegou a hora de o governo brasileiro mostrar que tais ataques não serão tolerados", completou.
O governo brasileiro, ao responder aos ataques, afirmou na reunião da ONU que "reconhece o papel importante da vereadora Marielle Franco na promoção e proteção de direitos humanos e lamenta profundamente seu assassinato".
"Dois suspeitos foram presos ontem e o Brasil está comprometido em investigar plenamente o caso e garantir Justiça para as vítimas", declarou a delegação do governo.
A ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, optou por não citar o caso de Marielle ao discursar nas Nações Unidas, há duas semanas.
Mas a pressão vai continuar. Na quinta-feira, entidades internacionais organizam um ato de protesto diante da sede da ONU, também para marcar o dia do assassinato da ex-vereadora.
Na sexta-feira, será a vez do ex-deputado Jean Wyllys falar diante da ONU sobre as ameaças aos direitos humanos no Brasil.
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