Cotada para o Oscar, cineasta brasileira ganha prêmio sobre democracia
GENEBRA – A cineasta brasileira Petra Costa – autora de "Democracia em Vertigem" (Netflix) – receberá mais uma homenagem na noite desta segunda-feira, desta vez em Buenos Aires. Sua obra ainda tem sido citada como um dos destaques ano em diferentes jornais americanos, num momento de forte debate no Brasil sobre a censura em projetos artísticos e sobre o futuro da Ancine.
Nesta segunda-feira, Petra estará no Prêmio Democracia, organizado pelo Centro Cultural Caras y Caretas, de Buenos Aires. A presidente do Jurado é Estela de Carlotto – figura central no debate sobre a memória histórica no Cone Sul e presidente da entidades Abuelas de Plaza de Mayo.
A cineasta brasileira foi a escolhida como a "Personalidade Destacada da América Latina", título que já foi concedido a Silvio Rodríguez, Michelle Bachelet, Lucía Topolansky, Álvaro García Linera e Carmen Lira.
A premiação ocorre em meio a uma série de menções no mercado americano sobre o documentário da Netflix. No final de setembro, a publicação americana Indiewire já havia colocado a produção de Petra Costa como um dos cinco favoritos para a indicação ao Oscar na categoria de documentários. Para os jornalistas americanos, o filme é um "alerta" sobre "a emergência da extrema-direita".
O documentário aparece ao lado de obras como "Apollo 11", "American Factory", "The Kingmaker" e "One Child Nation".
No jornal New York Times, o documentário sobre o colapso político brasileiro também foi citado na lista dos dez melhores do ano (até agora) – The Best of 2019 (so far). Para o jornal, o filme de Petra é uma "crônica da traição cívica e do abuso de poder". A lista do NYT também traz Martin Scorsese e outros produtores de peso.
Petra Costa tem feito uma ampla turnê pelos EUA para apresentar seu filme. Mas não tem deixado de alertar sobre a censura no Brasil. Nas redes sociais, ela alertou sobre a revelação de que estatais estariam cancelando programas culturais. "Seis produções canceladas", escreveu a brasileira. "Os temas? Temática LGBT e críticas ao período militar. O nome disso é censura. E o alvo é a nossa liberdade de expressão e a nossa democracia", alertou.
Na semana passada, em São Francisco, ela o apresentou ao lado de Julie Huntsinger e Tom Luddy. Ainda em outubro, ela realiza debates em Nova Iorque e Washington DC ao lado de Caetano Veloso.
No Brasil, o documentário abriu um forte debate entre grupos de diferentes alas políticas. O documentário não deixa de fazer críticas ao PT, atacando suas alianças e trazendo uma espécie de mea-culpa por parte de Gilberto Carvalho. Mas foi visto por parte daqueles no poder como uma produção que "não convém" à imagem do Brasil.
Na semana passada, foi o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, quem usou uma entrevista para ataca-lo ao explicar sua função como eventual embaixador do Brasil nos EUA.
"Faço uma pergunta a vocês: quem é que defende Jair Bolsonaro fora do Brasil? Quando a gente olha para fora, quem está falando do Brasil? É o Wagner Moura, o Jean Wyllys, está falando que foi golpe… O gringo está olhando o (documentário) Democracia em vertigem e tira aquilo como verdade para ele", explicou Eduardo Bolsonaro em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan.
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