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Jamil Chade

Bachelet nega vínculos com OAS

Jamil Chade

17/09/2019 08h03

Bachelet conversa com estudantes em universidade em Genebra. Foto: Jamil Chade

 

GENEBRA – A alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, rejeita a acusação de que recebeu recursos ilegais da OAS para sua campanha eleitoral para a presidência no Chile.

Em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, dados revelaram como o empresário Léo Pinheiro teria indicado que "Lula pediu dinheiro da OAS para a campanha de Bachelet".

Teria sido determinado que cerca de R$ 400 mil reais, 100 milhões de pesos chilenos, fossem destinados "aos interesses da campanha de Bachelet". O empreiteiro indicou ainda que o pagamento ocorreu usando um contrato de fachada, assinado com a empresa Martelli y Associados. Isso tudo "já depois de encerrada a campanha".

Em entrevista à televisão estatal chilena TVN, transmitida nesta terça-feira, Bachelet indicou que não manteve ligações nem com a OAS e nem com qualquer outra empresa.

"Nunca mantive vínculos nem com a OAS e nem com outras empresas", declarou a chilena.

Em Santiago, procuradores indicaram que sempre pediram acesso aos documentos do processo da OAS no Brasil, sem êxito. Também foi revelado que uma das procuradoras pode interrogar Leo Pinheiro que, na ocasião, não disse nada sobre um pagamento para a campanha de Bachelet.

"Parece-me estranho que, depois de ter tido a oportunidade de ter falado à procuradoria, agora traz essa informação?", questionou, lembrando que contratos foram fechados durante o governo de Sebastian Pinera.

"Não sei se há algo por trás disso", afirmou a ex-presidente.

Questionada se estaria disposta a colaborar com uma investigação, ela garantiu que sim. "Perguntaram isso a mim quando eu era presidente e disse que a Justiça precisa fazer seu trabalho e que colaboraremos. Obviamente, tudo que seja necessário", afirmou. Mas eu só tenho uma verdade", insistiu.

Sobre a possibilidade de que o pagamento tivesse ocorrido aos gerentes de sua campanha, sem que ela soubesse, Bachelet preferiu não especular. "

"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é falso e Ricardo Lagos (ex-presidente do Chile)  disse que nunca falou disso com Lula. Portanto, estamos num nível de especulação. E eu não vou fazer outra especulação. Só posso dizer que eu não tenho e não tive qualquer vínculo com a OAS", declarou. "Descarto totalmente", completou Bachelet.

 

 

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)