Com acordo Mercosul-UE iminente, Araújo viajará para capital europeia
CNI pede que setores sensíveis levem pelo menos dez anos para serem liberalizados
GENEBRA – Num sinal claro de que as negociações entre o Mercosul e a União Europeia entraram em uma fase decisiva, o chanceler Ernesto Araújo desembarca nesta quarta-feira em Bruxelas para uma reunião ministerial que pode finalmente fechar um dos maiores tratados comerciais do mundo, depois de 20 anos de negociações.
Desde sexta-feira, diplomatas e negociadores já estavam trabalhando na capital europeia. Mas apenas se houvesse uma aproximação das posições é que ministros seriam convocados, o que acabou ocorrendo.
O chanceler vai se juntar à ministra de Agricultura, Teresa Cristina, e os encontros com os europeus terão início na quinta-feira.
A ideia dos negociadores é de que, até o início do encontro entre os ministros, apenas cinco temas estejam pendentes. Seriam assuntos que apenas poderiam ser desbloqueado por uma decisão política.
O motivo de resumir a agenda a cinco tópicos tem ainda outro motivo. Na sala de reuniões, estarão autorizados apenas os ministros, acompanhados cada um deles por apenas um embaixador ou negociador.
No centro do debate estará a agricultura. O Mercosul já ofereceu uma ampla abertura de seu mercado industrial aos europeus e, agora, quer uma contrapartida para poder indicar aos exportadores do bloco que o acordo também é favorável a eles. Por enquanto, porém, as contas são consideradas como insuficientes no setor de carnes e de açúcar.
Num comunicado, a chancelaria do Paraguai foi ainda mais explícita ao anunciar a ida de seu chanceler, Luis Alberto Castiglioni, para Bruxelas. Segundo Assunção, o que estará sobre a mesa dos ministros será a cota que se oferecerá para carnes, produtos lácteos e açúcar.
Os paraguaios indicam que um eventual acordo mostrará que o Mercosul está "se abrindo ao mundo".
Quanto ao Mercosul, o bloco teria oferecido uma ampliação de suas cotas para o queijo europeu, passando de 5 mil toneladas por ano para 10 mil.
Carta a Bolsonaro
Do lado da indústria brasileira, a aproximação de um acordo também levou a Confederação Nacional da Indústria a enviar uma carta ao presidente Jair Bolsonaro no final de abril, solicitando que certos aspectos fossem considerados num acordo final.
O texto garante que a CNI "apoia a conclusão de acordo entre Mercosul e União Europeia" e indica que o tratado seria um "caminho para maior inserção do Brasil no mercado internacional".
Apesar de reconhece os efeitos positivos para a economia, a entidade alerta que o governo tenha atenção para "temas estratégicos para a indústria, que ainda são alvo de resistência dos europeus".
Para os bens sensíveis, a entidade pede setores sensíveis tenham um período de pelo menos dez anos para se adaptar, com alguns deles se beneficiando de até 15 anos. O governo brasileiro já havia sinalizado aos europeus com uma concessão, reduzindo essa moratória no corte.
Um dos pontos é o estabelecimento de regras de origem que favoreçam a entrada do Brasil em cadeias de valor e ao mesmo tempo contribuam para o investimento estrangeiro no país.
Outro aspecto apontado pela CNI como positivo é a inclusão no acordo do mecanismo de drawback, além da não inclusão de produtos remanufaturados.
O setor industrial pede ainda a "liberalização do transporte marítimo de cargas" e que as regras em compras públicas e propriedade intelectual "respeitem políticas de impacto social no Brasil".
Para o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, o acordo terá um impacto importante para o Brasil e o fato de a abertura ser gradual para alguns setores facilita na adaptação. Segundo ele, a UE é hoje o segundo maior destino das exportações brasileiras e, com o bloco, o País mantém um superavit de US$ 7,4 bilhões.
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