Avanço em negociação dá esperanças de acordo final com UE
GENEBRA – 20 anos depois do início de um processo marcado por frustrações, negociadores do Mercosul estão, de forma irreconhecível, animados com a possibilidade real de um acordo comercial com a UE, ainda nesta semana.
Ao final dos encontros técnicos desta segunda-feira, quatro fontes diferentes da diplomacia do Mercosul confirmaram ao blog que o processo está caminhando de forma "satisfatória" e que já se prevê uma eventual reunião ministerial entre os dois blocos a partir de quinta-feira, em Bruxelas.
O martelo não está batido. Mas um sinal claro do avanço foi a decisão de alguns dos negociadores e ministros que não estavam na Europa de embarcar às pressas para Bruxelas nesta segunda-feira.
A esperança é de que, se uma convergência for obtida entre terça-feira e quarta-feira, os ministros poderão desenhar um acordo final, principalmente estabelecendo as cotas para os produtos agrícolas.
Se isso ocorrer, quem quer fazer o anúncio é Maurício Macri, presidente da Argentina e presidente pró-tempore do Mercosul. Ele participa da cúpula do G-20 e terá um encontro bilateral com o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker.
O anúncio tem, segundo fontes em Bruxelas, um claro componente eleitoral e uma tentativa de demonstrar, internamente, sua relevância internacional.
Para que os impasses fossem superados, porém, Macri e o governo de Jair Bolsonaro fizeram concessões e aberturas que por anos foram considerados como "linhas vermelhas" da diplomacia do Mercosul.
No setor automotivo, de proteção de propriedade intelectual e no setor industrial, o bloco sul-americano aceitou uma mudança da estrutura tarifária inédita.
Em troca, porém, as cotas que vem recebendo dos europeus são iguais ou até inferiores a volumes que foram sugeridos por Bruxelas em 2004. Naquele momento, o processo entrou em colapso diante da recusa do Brasil de aceitar os valores oferecidos para a exportação de carnes, açúcar, certos produtos agrícolas e etanol.
No setor privado, há um temor de que, por motivos políticos, o que por anos foi barganhado com cuidado seja simplesmente entregue, sem uma contrapartida substancial.
Do lado europeu, o bloco continua sofrendo a resistência do setor agrícola. Mas, internamente, negociadores admitem que jamais viram sobre a mesa uma oferta tão "generosa" da parte do Mercosul.
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