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Jamil Chade

Bolsonaro irá à abertura da Copa América

Jamil Chade

27/05/2019 18h46

 

 

Jamil Chade e Leandro Prazeres

 

O presidente Jair Bolsonaro abrirá a Copa América, no dia 14 de junho, em São Paulo. A data foi incluída na agenda oficial da presidência, divulgada nesta segunda-feira. Bolsonaro assistirá à partida no Morumbi entre Brasil x Bolívia, além de testar diante da torcida sua própria popularidade.

O UOL apurou que os organizadores do torneio teriam sinalizado ao Palácio do Planalto que gostariam de contar com o chefe-de-estado na abertura de um dos maiores eventos de futebol do mundo.

Já na semana passada, fontes no Palácio do Planalto confirmaram que existia uma "pré-agenda" apontando para a presença de Bolsonaro no jogo de abertura da Copa América. O presidente já recebeu Gianni Infantino, chefe máximo da Fifa, e foi apresentado aos dirigentes da CBF. Agora, sua presença na abertura do torneio foi confirmada nesta segunda-feira.

Alguns cartolas da Conmebol, porém, temem que a ida do presidente ao evento seja acompanhada por vaias. Ao longo dos anos, a relação entre os chefes-de-estado do Brasil e as aberturas dos grandes eventos esportivos foi tumultuada.

Em 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado durante a abertura dos Jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro.

Em 2013, na Copa das Confederações, uma vaia no estádio de Brasília contra a ex-presidente Dilma Rousseff a impediu que ela pronunciasse até o final seu discurso de abertura do evento. Joseph Blatter, que presidia a Fifa naquele momento, chegou a dar uma bronca na torcida, pedindo respeito, o que acabou levando a vaia a se prolongar.

12.jun.2014 – A então presidente da República, Dilma Rousseff, o presidente da Fifa, Joseph Blatter (à esq.), e a filha dela, Paula Rousseff; abaixo, o vice-presidente Michel Temer e sua mulher, Marcela, durante a cerimônia de abertura da Copa em 2014, na Arena Corinthians, São Paulo (Danilo Verpa/Folhapress)

 

Para a final entre Espanha x Brasil, ela sequer apareceu para entregar o troféu para o time de Neymar. Em 2014, mais uma vez Dilma seria vaiada na abertura da Copa do Mundo, em Itaquera.

Em 2016, o mesmo ocorreria nos Jogos Olímpicos do Rio, desta vez com Michel Temer. Em toda a festa de abertura, o nome do então presidente foi evitado pelos organizadores. Ele, porém, teve de declarar aberta, oficialmente, a Olimpíada. E, uma vez mais, foi vaiado.

Para tentar abafar a reação do público, os organizadores imediatamente colocaram uma música nos alto-falantes do Maracanã, num volume elevado.

 

O presidente em exercício Michel Temer declara aberta a Olimpíada do Rio (Markus Schreiber/AP)

 

Ao longo dos últimos anos, muitos foram os políticos estrangeiros e mesmo nacionais que evitaram um contato muito estreito com a direção da CBF e da Conmebol, afetadas de forma profunda por escândalos de corrupção.

Três dos últimos quatro presidentes da Conmebol estão presos ou indiciados. Na CBF, José Maria Marin está preso nos EUA, enquanto Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira não podem deixar o Brasil, sob o risco de serem detidos. Carlos Arthur Nuzman, organizador dos Jogos do Rio, é investigado e chegou a ser preso.

 

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)