“Maduro está em suas últimas horas”, diz embaixadora venezuelana
Nomeada como representante de Juan Guaidó na ONU há poucos dias, diplomata revela que as medidas de pressão contra Maduro estão sendo calculadas para também evitar "uma guerra fratricida"
GENEBRA – "O regime de Nicolas Maduro está em suas últimas horas. Ele pode prolongar a agonia ou sair do estado de negação". A declaração é de Maria Alejandra Aristeguieta de Alvarez, nomeada como embaixadora na ONU do governo liderado pelo opositor Juan Guaidó, reconhecido pelo Brasil, EUA e outros países com a autoridade legítima da Venezuela.
Em entrevista exclusiva ao blog enquanto acontecimentos nas fronteiras da Venezuela ganhavam novos episódios de tensão, a venezuelana conta que existem sinais de uma "ruptura no comando" militar do país e que parte das tropas não está recebendo ordens claras, o que aumenta o risco de um confronto. Mas revela que o processo de pressão liderado por Guaidó, com o apoio regional, tem sido "cuidadosamente aplicado".
Sua nomeação foi efetivada na última terça-feira e, dois dias depois, já iniciou reuniões com embaixadores do Grupo de Lima na ONU. Com a embaixadora do Brasil nas Nações Unidas, Maria Nazareth Farani Azevedo, um encontro bilateral também já ocorreu na última sexta-feira. "Fui acolhida de forma extraordinária", contou, em sua primeira entrevista desde que assumiu suas novas funções.
O blog apurou que, de forma indireta, diplomatas do historicamente estiveram ao lado do regime chavista já tem enviado mensagens à embaixadora, insinuando que estão se colocando à disposição, no momento em que o governo Maduro caia.
A nova embaixadora não nega que ainda existe o risco de um banho de sangue. "Não sabemos qual será a reação", disse. Mas ela aponta que uma das preocupações da oposição é justamente a de evitar que a pressão se degenere, criando um conflito.
"O objetivo não é forçar as coisas. Não se pode colocar em risco a população. De um lado, não ha armas. De outro sim", alertou. "Não podemos deixar eclodir uma guerra fratricida", disse.
Segundo ela, portanto, todos os gestos e atos tomados por Guaidó e o restante dos governos tem sido estudados. "Tudo está sendo feito de forma calculada, com golpes muito eficientes. Não há improvisação", insistiu.
De acordo com a embaixadora, um aspecto que ainda une Brasil e Venezuela é a situação da comunidade indígena de etnia pemon. Foram membros desse grupo que, na sexta-feira, acabaram sendo atacados por militares do regime, causando cerca de 30 feridos e dois mortos.
"São pessoas que cruzam a fronteira diariamente e que, de fato, vivem em ambos os lados. Portanto, de forma indireta, a agressão também foi uma contra cidadãos brasileiros", disse.
Agora, ela vai pedir para o Escritório da Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que faça uma declaração, assim como para que a relatora de povos indígenas da ONU, Victoria Tauli Corpuz, abra investigações para determinar as responsabilidades pelas mortes.
Sem poder ser atendidos na Venezuela, os indígenas acabaram sendo enviados ao Brasil. A embaixadora ainda quer aproveitar a visita da ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, às Nações Unidas a partir de segunda-feira para também levantar o assunto.
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