Governo Maduro denuncia congelamento de R$ 20 bi em bancos no exterior
GENEBRA – Bancos europeus, norte-americanos e mesmo asiáticos já congelaram mais de US$ 5,4 bilhões (R$ 20,08 bilhões) em ativos pertencentes ao estado venezuelano. Os dados são do próprio governo de Nicolas Maduro e obtidos pelo UOL.
Apenas no Novo Banco, de Portugal, US$ 1,5 bilhão estão congelados, além de US$ 1,3 bilhão em barras de ouro no Banco da Inglaterra.
Durante o governo de Hugo Chávez, Caracas optou por reduzir sua dependência sobre o dólar americano e passou a acumular reservas em ouro e espalhar seus ativos pelo mundo. Em 2011, já vivendo um esgotamento de seu modelo econômico, Chávez ordenou que US$ 11 bilhões em reservas internacionais aplicadas fora do país fossem repatriadas. Nos anos seguintes, porém, o dinheiro foi consumido por um governo que tentava se manter no poder.
De acordo com o levantamento de Caracas, mais de 50 bancos pelo mundo seguiram ordens emitidas por seus governos para impedir que Maduro tenha acesso aos recursos. Parte desse congelamento ocorre por suspeitas de corrupção, enquanto outro montante significativo tem uma relação direta com as sanções impostas pelo governo de Donald Trump e alguns países europeus.
No Citibank, dos EUA, por exemplo, um total de US$ 458 milhões estavam congelados ao final de abril de 2019. Outros bancos que tomaram medidas similares são o UnionBank, o Banque Delubac e o Sumitomo Bank. Na Suíça, os venezuelanos acusam o UBS de também ter bloqueado recursos.
Desde que o cerco financeiro ganhou uma maior intensidade, o governo passou a tentar acordos e movimentar recursos usando rotas alternativas, incluindo Rússia, China, Turquia e o Oriente Médio.
Mas não é apenas uma ordem internacional que vem levando os bancos a congelar os ativos. A Assembleia Nacional da Venezuela também tem feito pedidos para que a comunidade internacional ajude a asfixiar o regime Maduro.
Juan Guaido, que se auto-declarou presidente interino, chegou a nomear membros de um novo conselho de administração da empresa Citgo, na esperança de obter o controle sobre a companhia com sede em Houston, nos EUA, e de propriedade do estado venezuelano.
A diplomacia venezuelana insiste que o governo americano congelou os ativos da empresa para impedir que seus lucros sejam repatriados para a Venezuela. O valor total seria de US$ 11 bilhões.
Crise
Para o governo de Maduro, são esses bloqueios que explicariam os problemas de falta de remédios e outros produtos e serviços na Venezuela. Mas uma investigação recentemente publicada pela ONU desmente a versão oficial de Caracas.
Para a entidade internacional, não existem dúvidas de que o embargo econômico imposto pelos americanos aprofundou a crise social. Mas a ONU alerta que os problemas começaram antes de qualquer bloqueio, desmontando a tese de Maduro para se defender.
Para a ONU, portanto, a responsabilidade pela crise é do governo. "A má alocação de recursos, a corrupção, a falta de manutenção da infraestrutura pública e o grave subinvestimento resultaram em violações ao direito a um padrão de vida adequado relacionadas ao colapso dos serviços públicos, como transporte público, acesso à eletricidade, água e gás natural", disse o informe.
Hoje, o salário mínimo é de apenas US$ 7,00, o que seria suficiente para atender a apenas 4% do valor da cesta básica de alimentos no país. De acordo com a ONU, o principal programa de assistência alimentar "não satisfaz as necessidades nutricionais básicas".
"O governo não demonstrou que utilizou todos os recursos à sua disposição para assegurar a realização progressiva do direito à alimentação, nem que não conseguiu obter assistência internacional para preencher as lacunas", disse. Segundo a ONU, há uma escassez de 60 a 100% de medicamentos essenciais em quatro das principais cidades da Venezuela, incluindo Caracas.
Algumas cidades não contam com contraceptivos e o número de gravidezes de adolescentes aumentou em 65% desde 2015. Entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019, 1.557 pessoas morreram por falta de suprimentos nos hospitais.
Segundo a investigação, o governo Maduro tem usado os programas sociais para atender apenas aqueles que continuam aliados ao regime. Cartões que dão acesso ao abastecimento também passaram a ter um controle partidário. Mulheres que, em bairros mais pobres, protestam contra a falta de serviços também são excluídas de programas sociais. Muitas, assim, optam pelo silêncio
Hoje, a inflação acumulada no país é de mais de 2.866.670 % e a perda do PIB chega a 44%.
Maduro qualificou a investigação de "mentirosa".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.