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Jamil Chade

Com temperaturas inéditas, Europa teme “novo normal”.

Jamil Chade

27/06/2019 06h13

 

Calor obriga governos a cancelar escolas e colocar em andamento ações para proteger sua população. Nos Alpes, as temperaturas atingiram 30 graus Celsius, algo inédito.

 

GENEBRA – Com temperaturas inéditas para o mês de junho, governos europeus se apressam para adotar medidas para proteger sua população contra o calor e proliferam alertas. Em todo o continente, escolas foram fechadas, obras interrompidas e até o transporte de animais passou a ser proibido. Especialistas, porém, alertam que os fenómenos de 2019 podem ser um sinal do que será o "novo normal" continente nos próximos 20 anos.

As previsões apontam que os próximos dois dias podem ser os mais quentes, com os termómetros superando os 40 graus na França e na Suíça. Alemanha, Polônia e outros países também tem sido afetados pela onda de calor.

Segundo os especialistas, a explicação é o ar quente que teria deixado o continente africano e viajado em direção aos países europeus.

No Nordeste da Espanha, a previsão é de que o calor possa chegar a 45 graus na sexta-feira, enquanto incêndios já começam a ser registrados.

Na França, o fluxo de carros por cidades como Paris e Lyon passou a ser controlado, enquanto a capital francesa instalou novas fontes de água.

O governo francês ainda abriu centros com ar condicionado para receber os mais vulneráveis, enquanto os serviços de assistência de idosos passaram a ampliar a atenção. Na imprensa, proliferam os guias e orientações sobre como se manter ao abrigo do calor. Em Toulouse, a previsão é de que esta quinta-feira registre 41 graus.

Escolas e creches foram fechadas em dezenas de cidades e provas foram adiadas, enquanto piscinas públicas passaram a ampliar seus horários de funcionamento. O transporte de animais também foi suspenso por vários dias. Dos 96 departamentos do país, 78 deles estão em estado de alerta. Pelo menos três pessoas morreram por causas relacionadas ao calor.

Nas prisões francesas, detentos estão recebendo um tratamento especial, com jatos de água em locais abertos.

Na Suíça, uma campanha foi lançada pedindo que os cidadãos alertem às autoridades caso notem que alguém esteja com dificuldades de saúde.

Em Genebra, obras foram suspensas diante do risco que o calor poderia representar aos operários. Na região de Vaud, todas as obras serão suspensas pela tarde. Em Berna, o termómetro marcou mais de 36 graus.

Na Alemanha, a cidade de Coschen marcou 38,6 graus na quarta-feira, levando as autoridades a colocar um novo limite de velocidade para carros. Estradas deram sinais de deterioração diante do calor e, em alguns trechos, trens tiveram de ser interrompidos por conta de problemas nos trilhos.

Na Itália, a cidade de Milão deve superar a marca dos 40 graus, enquanto entidades humanitárias planejam distribuir 10 mil garrafas de água a grupos vulneráveis. A cidade de Innsbruck elevou o recorde de temperatura na Áustria, com 36,7 graus.

Já o governo da Polônia alertou que 90 pessoas foram vítimas de afogamento em junho, ao tentar fugir do calor.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)