Morte de Khashoggi foi “deliberada e premeditada” pela Arábia Saudita
Para relatora da ONU, existem indícios que justificam uma investigação suplementar sobre a responsabilidade do príncipe herdeiro
GENEBRA – A morte do jornalista Jamal Khashoggi foi conduzida pelas autoridades da Arábia Saudita, num ato "deliberado e premeditado". Esse é o resultado de uma investigação realizada pela ONU, publicado nesta quarta-feira, e que sugere "sanções" focadas contra o regime em Riad.
Agnes Callamard, relatora que se ocupou do caso, disse que Riad é responsável por um "assassinato extra-judicial" e sugere que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, seja alvo de uma investigação.
Khashoggi foi morto depois de entrar num consulado saudita, em outro de 2018. Mas por semanas o governo de Riad negou qualquer relação. A relatora da ONU não conclui de forma definitiva que a responsabilidade é do príncipe herdeiro. Mas alerta que existem "evidências com credibilidade" do envolvimento da cúpula do governo e insiste que uma investigação deve ser realizada para determinar o envolvimento do representante da família no poder.
"Existem elementos de provas que justificam uma investigação suplementar sobre a responsabilidade individual de altos funcionários sauditas, incluindo o príncipe herdeiro", declarou.
O governo saudita insistem que Bin Salman jamais esteve implicado no caso. Mesmo que a operação que resultou na morte do jornalista tenha envolvido 15 pessoas enviadas pelo governo, alguns dos quais próximos ao príncipe.
Assassinato
O informe ainda explica o que ocorreu com Khashoggi. Ao entrar no consultado, ele recebeu um sedativo e foi sufocado por um saco de plástico.
O audio obtido pela ONU daquele momento indica que o jornalista era informado que seria levado para a Arábia Saudita.
"Teremos de ter levar de volta. Há uma ordem da Interpol", disse
Neste momento, o jornalista insistiria que não havia um caso contra ele e alegou que existiam pessoas que o aguardavam fora do consulado.
Por alguns minutos, os sauditas recomendaram Khashoggi a escrever uma mensagem ao seu filho. Mas o processo foi interrompido.
Neste momento, o jornalista notaria que havia uma toalha no local. "Vocês me darão drogas?", perguntou.
"Vamos te anestesiar", ouviu.
Neste momento, uma luta pode ser ouvida e um dos sauditas pergunta se o jornalista já teria desmaiado. "Continue pressionando", afirmou um deles.
Segundo a relatora, a cena do crime foi "limpa" e insistiu que os sauditas tentaram obstruir investigações.
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