Fragmentada, UE vê avanço de aliados de Bolsonaro e surpresa de ecologistas
GENEBRA – A eleição europeia neste domingo encerrou décadas de dominação de partidos de centro e fragmenta o poder no Parlamento Europeu.
Se de um lado alguns dos principais aliados e simpatizantes do governo de Jair Bolsonaro saíram fortalecidos nas urnas, os europeus deixaram claro que a resistência está viva e que será intensa contra a extrema-direita populista.
A eleição foi a primeira desde 1979 a ver um aumento no número de eleitores, um sinal interpretado como uma presença importante dos jovens nas urnas. Para analistas, o fim de semana representou um momento crítico na história do bloco.
Populistas
Na Itália, Matteo Salvini comemorou uma ampla vitória de seu partido populista. Ele deve somar entre 27% e 31% dos votos, bem acima dos 6% obtidos em 2014. Salvini é um dos raros líderes europeus a elogiar abertamente Bolsonaro.
Na Hungria, outro simpatizante do governo brasileiro também saiu vitorioso. Viktor Orbán ficou com 13 dos 21 assentos no Parlamento destinados aos representantes húngaros.
Na França, a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, comemorou a vitória nas urnas, com 23% dos votos. Na Alemanha, os populistas ficaram em quinto lugar e, mesmo com um amplo escândalo de corrupção na Áustria, o partido de extrema-direita terminou na terceira colocação.
Juntos, partidos nacionalistas e populistas poderiam somar mais de 110 assentos no parlamento de 751 lugares. No Reino Unido, o grupo pró-Brexit também saiu vitorioso.
O que une muitos deles: ataques contra imigrantes, defesa da soberania, dúvidas sobre as mudanças climáticas e o fortalecimento de bandeiras patrióticas. Com diferentes graus de variação, todos criticam o poder de Bruxelas, insistindo que a Europa precisa voltar a ser um continente de nações soberanas.
Há menos de um mês, o chanceler Ernesto Araújo fez uma turnê justamente por alguns desses países europeus, no que poderia ser um roteiro provável para uma primeira viagem de Bolsonaro para o Velho Continente. Eduardo Bolsonaro, uma espécie de chanceler extra-oficial, também viajou aos países onde a extrema-direita venceu.
O resultado nas urnas neste fim de semana ocorre diante de um colapso dos partidos tradicionais de centro-direita e de centro-esquerda. Ainda que tenham terminado em primeiro e segundo lugar, respectivamente, cada um deles perdeu entre 39 e 40 assentos.
O CDU, partido de Angela Merkel, foi a imagem dessa tendência. A grupo continuou como líder na votação. Mas com o pior resultado de sua história.
Resistência
Mas se a extrema-direita populista comemora em alguns países, a grande novidade das urnas foi o fortalecimento inesperado dos partidos Verde, em praticamente toda a UE. No Parlamento, o bloco deve passar a ter 67 assentos, o maior salto já registrado pelo grupo e 17 a mais que em 2014.
Ska Keller, uma das líderes dos ambientalistas e que é uma das candidatas ao cargo de presidente da Comissão Europeia, interpretou o resultado das urnas como um claro sinal de que existe um mandato hoje por uma Europa mais social e mais democrática. Ela ainda condicionou qualquer aliança a um grupo político à sua reivindicação ambiental.
Fragmentado e sem uma maioria clara, os ambientalistas devem ser tornar decisivos para a formação de uma coalizão.
Na Alemanha, o partido Die Grunen terminou em segundo lugar, com o dobro de votos do que havia obtido em 2014. O partido Verde também ficou em segundo lugar na Finlândia, enquanto na França atingiram o terceiro lugar. Na Irlanda, o partido triplicou seu resultado e resultados expressivos ainda foram vistos na Bélgica, Austria, Suécia e Dinamarca.
Já Portugal conseguiu, pela primeira vez, eleger um deputado do partido ecologista.
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