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Jamil Chade

Brasil quer criação de cordão sanitário para frear doenças da Venezuela

Jamil Chade

21/05/2019 04h00

Militares venezuelanos impendem a circulação de pessoas e veículos na fronteira com Pacaraima, RR (Ricardo Moraes/Reuters)

 

GENEBRA – O governo brasileiro quer negociar com instituições internacionais a criação de uma espécie de cordão sanitário no território da Venezuela para frear o fluxo de doenças ao Brasil.

Ao blog, o Ministério da Saúde explicou que a ideia é de que uma entidade faça uma operação de vacinação ampla, dentro do próprio território venezuelano, na faixa de fronteira com o Brasil, Colômbia e outros países da região.

Uma das propostas é de que a operação seja conduzida pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que já tem missões e acesso às cidades venezuelanas.

Um primeiro contato entre o governo e a Opas já foi realizado e, nesta semana em Genebra, o ministro da Saúde,  Luiz Henrique Mandetta, quer fazer avançar a proposta.

Segundo ele, foi pela fronteira venezuelana que o sarampo entrou no País. Agora, casos de difteria estão sendo registrados. A ideia, portanto, é de que um plano de vacinação ocorra antes de que essas pessoas cruzem a fronteira.

O Brasil estaria disposto a fornecer remédios e vacinas para essa operação. Mas, sem reconhecer o governo de Nicolas Maduro, não poderia nem entrar no território venezuelano e nem manter um trabalho direto com o governo.

 

Suspensão

A crise venezuelana chega até mesmo à diplomacia do governo de Nicolas Maduro. Em Genebra, a OMS avalia a suspensão da Venezuela de seus debates e votações. O motivo é o atraso de anos no pagamento das contribuições obrigatórias do país à entidade.

Pelas regras da OMS, se um país não paga sua contribuição por mais de dois anos, fica sem o poder de voto nas decisões sobre a saúde global.

Uma opção sob consideração é a renegociação da dívida da Venezuela, permitindo que ela possa continuar a fazer parte das decisões internacionais. Pelo projeto, Caracas teria até o ano de 2039 para quitar sua dívida de US$ 13 milhões. Por ano, o governo teria de pagar US$ 660 mil aos cofres da OMS.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)