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Jamil Chade

Sob risco de ser desalojada, Venezuela assume chefia de Desarmamento da ONU

Jamil Chade

17/05/2019 07h37

 

GENEBRA – O governo de Nicolas Maduro vai presidir a Conferência de Desarmamento da ONU. O cargo será ocupado a partir do final de maio e Caracas terá a coordenação dos trabalhos internacionais por um mês. Governos contrários ao chavismo já se preparam para questionar a coordenação dos trabalhos por parte dos representantes de Maduro.

A decisão ocorre por conta de uma rotação obrigatória entre os países que fazem parte da Conferência. Neste momento, a presidência é dos EUA, país com o maior número de ogivas nucleares do mundo.

No início do ano, o governo americano já havia se recusado a permanecer na sala da ONU, em protesto contra a presença do embaixador de Maduro. Num ato simbólico, os governos dos EUA e do Grupo de Lima deixaram a sala enquanto o diplomata de Caracas tomava a palavra para fazer seu discurso.

Agora, a chefia dos trabalhos em mãos dos venezuelanos deve, uma vez mais, gerar protestos entre os demais países que reconhecem Juan Guaidó, o auto-proclamado presidente interino.

Não é a primeira vez que a presidência vai para as mãos de um governo questionado internacionalmente. Há dois anos, foi a vez da Síria de Bashar al Assad, de assumir o órgão da ONU.

 

Sem dinheiro

Enquanto os trabalhos diplomáticos são mantidos, o embaixador venezuelano na ONU, Jorge Valero, confirma que o bloqueio de recursos por parte do sistema financeiro internacional contra Caracas está asfixiando o trabalho de sua missão.

Segundo ele, sem poder fazer transações em bancos suíços, a residência diplomática já está com seu pagamento de aluguel atrasada em três. Se essa situação for mantida por mais dois meses, eles serão desalojados.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)