Mercosul e UE tentam superar impasse de 20 anos
GENEBRA – Na esperança de superar 20 anos de impasse, Mercosul e UE se reúnem a partir desta segunda-feira em Buenos Aires para tentar aproximar as posições entre os dois blocos e acelerar um acordo comercial.
A semana, segundo diplomatas, pode ser decisiva e representaria um avanço num processo que começou em 1999. Por anos, negociadores de ambos os lados se acusaram mutuamente de não haver um interesse político real para que concessões sejam feitas.
Houve um esforço para que o acordo fosse concluído no ano passado, ainda sob a presidência de Michel Temer. Mas o processo uma vez mais fracassou, em parte por conta de uma oferta de abertura da UE considerada como insuficiente pelos exportadores brasileiros.
No final de 2018, com Jair Bolsonaro já eleito, o governo da França fez duras críticas ao brasileiro e alertou que não assinaria um acordo de livre comércio com o Mercosul se não houvesse um compromisso ambiental por parte do Brasil.
No setor agrícola do Mercosul, a condição imposta foi interpretada como uma desculpa para frear um acordo que a França nunca esteve disposta a aceitar por conta do impacto para sua agricultura.
Mas sinais de flexibilização por parte do Mercosul no setor industrial e de serviços animaram os europeus, que prometeram refazer sua oferta para o setor agrícolas. Em março, um primeiro encontro entre europeus e o Mercosul foi considerado como "um sucesso". Mas pontos importantes estão ainda para ser resolvidos.
Do lado da diplomacia brasileira, os sinais de otimismo dos europeus são vistos com cautela. O Mercosul quer, antes de mais nada, saber o que vai ser colocado sobre a mesa antes de dizer se um acordo é possível.
O Brasil insiste que quer maiores cotas para a exportação de seus produtos agrícolas. Já os europeus insistem que precisam ver uma redução substancial das barreiras do Mercosul para seus produtos industriais.
Mas com governos liberais na América do Sul, os europeus apostam que a abertura de mercados possa ser finalmente uma realidade. Existem, porém, uma certa pressa em ambos os lados do continente, já que o temor é de que uma eventual vitória de Cristina Kirchner nas eleições na Argentina, no segundo semestre, suspenderia qualquer tipo de negociação.
No passado, quando era presidente, ela deixou claro que não aceitaria um acordo de livre comércio com os europeus nas bases que estavam sendo negociados.
Na semana passada, um dos chefes da delegação europeia, o diplomata Jean-Luc Demarty, declarou que acreditava que existia uma brecha para se chegar a um acordo. "Não sou um otimista natural", disse. "Nas estou relativamente otimista sobre essa possibilidade", declarou o negociador, durante a Cúpula Europeia de Negócios em Bruxelas.
Segundo ele, havia uma "janela" para um acordo ainda em maio e antes de a atual administração da Comissão Europeia terminar seu mandato, em outubro.
Outro ponto de interesse dos europeus é a proteção de suas marcas e indicações geográficas para produtos alimentares.
Pressões
Mas nem todos estão de acordo em seguir adiante com o projeto. ONGs e certos partidos políticos no Parlamento Europeu já deixaram claro que se recusam a apoiar um acordo comercial entre a Europa e o governo de Jair Bolsonaro.
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