Araújo publica foto com quadro de rei celebrado por ter derrotado islã
GENEBRA – O chanceler Ernesto Araújo, que nesta semana fez um périplo por governos populistas de direita na Europa, publicou em suas redes sociais uma foto diante de um quadro do rei Jan Sobieski, em Varsóvia.
Em 1683, ele derrotou os exércitos otomanos, que avançavam para tomar Viena. Historiadores consideram que a vitória do monarca polonês deu início à derrota do império otomano pela Europa, freando sua expansão.
Mas várias obras e estudos rejeitam a ideia simplista de que, em Viena, o conflito era entre o apenas cristianismo e o mundo muçulmanos. O acadêmico Iam Almond, por exemplo, revela em uma obra de 2009 como protestantes e muçulmanos agiram de forma conjunta para tentar avançar em direção à cidade de Viena. Os otomanos ainda tinham como aliados no ataque o rei francês Luis XIV.
Nos últimos anos, porém, a vitória em Viena passou a ser usada pela extrema-direita europeia, como um sinal de que o continente deveria se unir contra a imigração, principalmente de muçulmanos.
Em Viena, um debate permeou a ideia de erguer, em 2018, uma estátua do rei polonês na capital austríaca.
Entre os políticos e atores conservadores da sociedade polonesa, o resgate da imagem do rei serve como um sinal de que a Polônia tem uma missão de proteger o cristianismo na Europa.
Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump, também citou, em um discurso, a vitória na batalha de Viena para dar um exemplo de como o islamismo deveria ser barrado na Europa.
Manipulação
Esse uso da figura do rei polonês, porém, deu sinais claros de ter saído do controle. Mais recentemente, o terrorista ultra-nacionalista que matou 50 muçulmanos na Nova Zelândia usou "Viena 1683" como uma das inspirações para cometer um massacre, no início do ano. Em uma foto de suas armas, que ele mesmo publicou nas redes sociais, o terrorista colocou a referência à batalha de Viena marcada em destaque em uma delas.
Em 2011, o extremista norueguês Anders Breivik, foi outro que usou "Viena 1683" como fonte de inspiração para cometer um atentado e defender sua posição anti-imigração.
O manifesto de Breivik se chamava "2083", como uma forma de comemorar os 400 anos da batalha vencida em Viena pelo rei polonês.
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