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Jamil Chade

7 milhões de venezuelanos precisam de ajuda humanitária

Jamil Chade

03/05/2019 11h51

Militares venezuelanos impedem a circulação de pessoas e veículos na fronteira com Pacaraima, RR (Ricardo Moraes/Reuters)

 

GENEBRA – Dados divulgados em Genebra nesta sexta-feira revelam que sete milhões de venezuelanos precisam de algum tipo de ajuda humanitária neste momento, num dos países que detém uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Na prática, a crise hoje atinge de forma profunda um em cada quatro venezuelanos.

A avaliação foi publicada pela ONU, que considera que os casos mais graves estão localizados nos três estados do sul do país, além de Zulia e Lara. De acordo com o levantamento, 1,9 milhão de pessoas precisam de ajuda para se alimentar, incluindo 1,3 milhão de crianças abaixo de cinco anos de idade.

No que se refere à saúde, a entidade estima que 2,8 milhões de venezuelanos precisam de ajuda. Desse total, 1,1 milhão são crianças abaixo de cinco anos de idade.

Além disso, 4,3 milhões de pessoas precisam de água e saneamento, além de 2,7 milhões que precisam de serviços de assistência e proteção.

Ao contrário do discurso do governo brasileiro ou americano, a ajuda internacional tem chegado ao país. Entre 2017 e 2019, a ONU ampliou seus serviços na Venezuela, passando de 210 empregados para 400. As agências da ONU ainda estão operando em todos os 24 estados venezuelanos, em especial em  Zulia, Táchira e Bolivar.

No final de 2018, a entidade reservou US$ 9 milhões para operações emergenciais no país, incluindo o atendimento a 189 mil crianças, a instalação de dez geradores para garantir energia para hospitais, a distribuição de 10 milhões de pastilhas para o tratamento de HIV e 176 mil doses de vacinas. .

Para o ano de 2019, a entidade havia feito um apelo por US$ 109 milhões para atender aos venezuelanos. Mas, por enquanto, os doadores internacionais fizeram aportes de apenas 45% do valor necessário.

 

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)