Opositor diz que vias pacíficas estão "esgotadas" na Venezuela
Para o ex-prefeito de Caracas, o Brasil precisa assumir "responsabilidades" e defende uma "intervenção humanitária"
GENEBRA – Antonio Ledezma, um dos principais nomes da oposição venezuelana e ex-prefeito de Caracas, diz que o Brasil deve assumir suas "responsabilidade" na crise venezuelana e garantir a estabilidade na América do Sul. O político pede ainda uma "ingerência humanitária" em seu país, pactada pela comunidade internacional.
Em entrevista exclusiva ao UOL, o venezuelano que se refugiou na Europa alerta que as últimas horas e acontecimentos tem demonstrado que "Maduro é um fantoche das forças cubanas e russas, que o manipulam". "Isso é uma traição à pátria, que ele quer converter numa sucursal das forças do mal", declarou. Em sua avaliação, a oposição já esgotou todos os caminhos negociados ou eleitorais, sem sucesso.
"O Brasil está sendo impactado por grupos do narcotráfico e organizações criminosas que encontraram na Venezuela um terreno de segurança. Portanto, o futuro da estabilidade no hemisfério depende em muito do que vai ocorrer na Venezuela", disse o ex-prefeito que, no início do ano, esteve em Brasília para encontros com o governo de Jair Bolsonaro.
Para ele, portanto, é necessário, "mais que um ato de solidariedade, um ato de responsabilidade por parte do governo do Brasil". Na avaliação do ex-prefeito, Colômbia, EUA e Equador também precisam agir dessa forma para evitar que a Venezuela se converta em "um plataforma do narcotráfico e de criminosos".
Ledezma escapou da Venezuela em novembro de 2017, passando primeiro pela Colômbia e se refugiando na Espanha. Seu trajeto até hoje está sendo mantido em sigilo. Mas ele garante que foi ajudado por "militares venezuelanos e por um terço" que até hoje leva consigo.
O ex-prefeito admitiu que chegou a planejar uma fuga usando Boa Vista. Mas acabou optando pela fronteira com a Colômbia.
Ele foi afastado da prefeitura de Caracas em 2015 e preso, sob a alegação de ter tentando organizar um golpe contra Nicolas Maduro, presidente venezuelano. Ele acabou sendo transferido meses depois à prisão domiciliar. Mas escapou.
Vias pacíficas esgotadas
"A cada dia que passa, é uma oportunidade que as máfias de Maduro tem para seguir massacrando os venezuelanos", disse. "Esgotamos todas as vias pacíficas e eleitorais, desde participar de eleições desvantajosas até participar de diálogos manipulados pela ditadura", insistiu.
Para ele, o que a ofensiva de Juan Guaidó mostrou é que Maduro não tem seu poder garantido. Mas alertou que russos e cubanos pressionarão para que o governo seja mantido. "Farão isso até exprimir a última gota de petróleo, tirar o último quilo de ouro e usar nosso território para perturbar a estabilidade do hemisfério.
Outro risco, segundo ele, é o de transformar a Venezuela numa plataforma do tráfico de drogas, aliados aos cartéis colombianos, centro-americanos e mexicanos.
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