Topo

Jamil Chade

Em meio à guerra de informação, venezuelano diz que "golpe está derrotado"

Jamil Chade

30/04/2019 11h38

GENEBRA – O embaixador da Venezuela na ONU, Jorge Valero, insistiu em Genebra nesta terça-feira que o "golpe de estado" em seu país já está "derrotado". Em declarações, o diplomata informou que enviou a todas as missões estrangeiras um comunicado em que pede para que o ato de Juan Guaidó não seja apoiado e garantiu que se vive "normalidade" nos quartéis.

"O pequeno grupo de soldados que tentou quebrar a ordem democrática foi já derrotado. Posso assegurar que o governo nacional tem controle total sobre o território", disse. "Os pequenos focos que tentaram causar um caos no país foram derrotados".

Mas, enquanto ele falava, representantes de Guaidó enviaram um comunicado a todas as delegações na ONU e aos jornalistas estrangeiros anunciando que o "movimento democrático tem o apoio de parte significativa das forças armadas".

"O presidente Juan Guaidó apela à população para que tome as ruas para manifestar o apoio e ao resto das forças armadas para que se junte ao movimento histórico", escreveram.

Castigo 

Ao UOL, Valero tinha outra versão. O diplomata deixou claro que Guaidó cometeu um "crime de lesa pátria". "A lei da Constituição será rigorosamente aplicada, respeitando os direitos humanos. Mas com o devido castigo", prometeu. "Ele chegou ao extremo de usar armas para derrotar ao governo", disse.

indicou que espera que o governo brasileiro não tome a decisão de apoiar uma eventual intervenção estrangeira contra a Venezuela. "Esperamos que o governo brasileiro e suas forças armadas condenem ao governo e não se comportem como a Colômbia, que saiu em seu apoio", declarou.

O diplomata não disfarça que aposta nos militares brasileiros para evitar que o governo brasileiro opte por um apoio a uma invasão.

Segundo ele, o gesto de Guaidó deve ser entendido como uma tentativa de criar uma situação para justificar um ataque armado externo. "O  imperialismo americano já chegou à conclusão de que não pode derrubar o governo pela forma democrática. O governo conta com milhões de homens. Mas os EUA sabem que a única maneira seria uma intervenção militar", disse.

"O que eles querem, portanto, é um banho de sangue. É uma estratégia sangrenta. Querem que existam vítimas, mortes, para justificar uma intervenção", afirmou.

"Essa foi mais uma tentativa do governo americano de derrubar o presidente Nicolas Maduro. Trata-se de uma ação instigada, propulsionada, apoiada pelo governo de Trump. Eles já tentaram de múltiplas formas", declarou. "Tentou já assassinar Maduro, com o apoio da CIA. Mas apenas conseguem o apoio de soldados de baixo perfil. Agora, uma vez mais, essa tentativa de golpe está sendo planejada, organizada e paga pela CIA. Mas é uma nova derrota", completou.

Guaidó diz ter apoio de militares e provoca reação nas ruas de Caracas

UOL Notícias

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)