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Jamil Chade

Recessão fez cair número de milionários no Brasil

Jamil Chade

08/04/2019 09h30

 

GENEBRA – Não existem dúvidas de que a recessão na economia brasileira afetou o combate à pobreza e que os números até mesmo da fome voltaram a aumentar. Mas um novo levantamento revela que, no topo da pirâmide de um dos países mais desiguais e injustos do mundo, a crise também foi sentida.

De acordo com o relatório da consultoria Knight Frank que mede a riqueza individual no planeta, o Brasil tinha 194,3 mil pessoas com um patrimônio acima de US$ 1 milhão em 2013. Em 2015, esse número caiu para 180 mil e, em 2018, foi de 179,6 mil.

A empresa, com 400 escritório pelo mundo, é uma das maiores consultorias em propriedades do mundo, fundada em 1896 em Londres.

A queda de 8% no Brasil foi no caminho contrário do restante da economia mundial. No mesmo período, o número de milionários no planeta cresceu em 13%, passando de 17,3 milhões em 2013 para 19,6 milhões em 2018.

De acordo com o levantamento, as projeções revelam que, em 2023, apesar de o Brasil registrar um aumento no número de milionários, o total ainda será inferior ao que existia em 2013. A previsão é de que o País contem com 188,6 mil pessoas com um património acima de US$ 1 milhão.

Mesmo numa conta que inclui apenas os "ultra-ricos", com patromônio acima de US$ 30 milhões, os números brasileiros também ficam abaixo do que existia em 2013. Em 2023, a estimativa é de que 3,9 mil brasileiros estejam dentro dessa categoria. Em 2013, existiam mais de 4,1 mil pessoas no Brasil dentro dessa categoria. Em 2018, o número foi de 3,7 mil.

A queda no número de ricos no Brasil, porém, não significa de forma alguma que a desigualdade social no País caiu.

Se o Brasil patina no que se refere ao número de milionários, a comunista China registra uma realidade bem diferente. Em 2018, pela primeira vez, o país asiático tem mais milionários que a Alemanha: mais de 1,5 milhão de pessoas.

Para 2023, a projeção é de que existirão 2 milhões de milionários na China. 800 mil a mais que em 2013.

Em cinco anos, a China terá apenas 500 mil milionários a menos que o Japão. Mas ainda fica distante dos 6,9 milhões de milionários americanos.

Sobre o autor

Com viagens a mais de 70 países, Jamil Chade percorreu trilhas e cruzou fronteiras com refugiados e imigrantes, visitou acampamentos da ONU na África e no Oriente Médio e entrevistou heróis e criminosos de guerra.Correspondente na Europa há duas décadas, Chade entrou na lista dos 50 jornalistas mais admirados do Brasil (Jornalistas&Cia e Maxpress) em 2015 e foi eleito melhor correspondente brasileiro no exterior em duas ocasiões (Prêmio Comunique-se). De seu escritório dentro da sede das Nações Unidas, em Genebra, acompanhou algumas das principais negociações de paz do atual século e percorre diariamente corredores que são verdadeiras testemunhas da história. Em sua trajetória, viajou com dois papas, revelou escândalos de corrupção no esporte, acompanhou o secretário-geral da ONU pela África e cobriu quatro Copas do Mundo. O jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparencia Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Sobre o blog

Afinal, onde começam os Direitos Humanos? Em pequenos lugares, perto de casa — tão perto e tão pequenos que eles não podem ser vistos em qualquer mapa do mundo. No entanto, estes são o mundo do indivíduo; a vizinhança em que ele vive; a escola ou universidade que ele frequenta; a fábrica, quinta ou escritório em que ele trabalha. Tais são os lugares onde cada homem, mulher e criança procura igualdade de justiça, igualdade de oportunidade, igualdade de dignidade sem discriminação. A menos que esses direitos tenham significado aí, eles terão pouco significado em qualquer outro lugar. Sem a ação organizada do cidadão para defender esses direitos perto de casa, nós procuraremos em vão pelo progresso no mundo maior. (Eleanor Roosevelt)