Empresa envolvida em caso de Temer ganhou sócio na Suíça depois de Angra 3
GENEBRA – As investigações sobre a rota da propina por conta do projeto de Angra 3 apontam que a empresa escolhida trocou de sócios para incluir uma companhia com escritório na Suíça. A mudança societária, porém, apenas ocorreu depois de o consórcio vencer a licitação para a obra.
O contrato foi dado para a AF Consult. Mas ela repassou 64% dele para a Engevix. O restante do consórcio seria formado pela AF Consult do Brasil que, logo, seria substituída pela AF Consult Switzerland.
Em 2012, depois de fechada a licitação, a investigação revela que a empresa "modifica seu quadro societário, passando a ser composta pela ARGEPLAN, representada nesse ato por CARLOS ALBERTO COSTA e CORONEL LIMA e a pessoa jurídica AF CONSULT SWITZERLAND, de responsabilidade de Carlos Zimmerman".
"Sobre essa confusão societária ressalta o Ministério Público Federal que a sede da empresa AF CONSULT BRASIL é no mesmo endereço da pessoa jurídica PDA PROJETOS E DIREÇÃO ARQUITETÔNICA LTDA, de propriedade do CORONEL LIMA", alertou o pedido de prisão de Michel Temer.
"Além disso, muito embora subcontratada pela vencedora da licitação em 2012, a AF BRASIL não possuía sequer um funcionário cadastrado até outubro de 2013", indicou.
"Toda essa embaralhada rede societária das empresas citadas já suscita enorme suspeita sobre a real finalidade da subcontratação das pessoas jurídicas pela empresa vencedora da licitação de Angra", concluiu a Justiça.
Carlos Jorge Zimmermann foi incluído na lista de pedidos de prisão preventiva por parte da Justiça. Outro nome citado é de Roberto Gerosa, representante na Suíça. Mas que não foi alvo de um pedido de prisão no Brasil.
O blog tentou contato com a empresa em sua escritório na Suíça, sem sucesso.
O MPF ainda teria constatado que, além da ausência de funcionários da AF CONSULT DO BRASIL, haveria uma suspeita sobre a aparente "incapacidade técnica da ARGEPLAN para a efetivação do projeto".
"A ARGEPLAN parece ser uma sociedade empresária pequena, com capital social de aproximadamente R$ 1.000.000,00, contando com 30 vínculos trabalhistas, sendo um terço destes na função de motorista", disse.
A conclusão, portanto, é de que "o valor pago a AF CONSULT DO BRASIL foi direcionado para o pagamento de vantagens indevidas provavelmente para MICHEL TEMER e CORONEL LIMA, com o auxílio dos sócios da referida empresa, e essa seria exatamente a intenção dos investigados ao promoverem a constituição da AF CONSULT DO BRASIL tendo como sócias a AF CONSULT LTD e a ARGEPLAN".
A obtenção do contrato, segundo a investigação, teria uma ligação direta com Temer. "O sucesso empresarial da empresa ARGEPLAN, em especial sua exitosa parceria no contrato de Projeto da usina nuclear de Angra 3, bem como solicitações de valores indevidos que teriam sido feitas pelo seu representante ao colaborador José Antunes Sobrinho, devia- se à proximidade existente entre os requeridos CORONEL LIMA e MICHEL TEMER, este então Vice-Presidente do Brasil", indicou.
O inquérito também aponta que a formação do consórcio envolvendo AF CONSULT DO BRASIL e a ENGEVIX "somente decorreu devido a atuação de Othon Pinheiro, presidente da ELETRONUCLEAR, o qual por sua vez pretendia claramente beneficiar a empresa ARGEPLAN junto às contratações de Angra 3".
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